A JUSTIÇA DE DEUS
Este atributo de Deus, é bastante falado, contudo se fala
apenas de alguns aspectos desta justiça, e alguns ainda deturpam esta justiça.
É por isso que existem pessoas que não crêem na doutrina da eleição por
exemplo, porque não possuem uma verdadeira compreensão da Justiça de Deus. Eles
alegam que se Deus é justo deve escolher a todos ou não escolher ninguém, e
mesmo que expliquemos textos claros da Escritura que nos mostrem a escolha de
Deus (por exemplo: João 15: 16), eles não compreendem, porque não possuem uma
compreensão sadia sobre a JUSTIÇA DE DEUS.
A justiça pode ser definida como sendo a justa retribuição
por aquilo que alguém faz, ou não faz para atender a Lei, ou desviar-se dela.
Olhando para a justiça divina também a relacionamos com a Lei, mas com a Sua
Santa Lei.
A JUSTIÇA DE DEUS, está relacionada com a SUA SANTIDADE,
e esta expressa na SUA SANTA LEI. Assim dizemos que Deus é justo no sentido de
que Ele não pode deixar impune qualquer violação da Sua Lei, porque violar a
Lei de Deus é violar a Sua Santidade.
Deus se relaciona com as criaturas humanas nos termos da sua
justiça, quando Ele não deixa impune qualquer transgressão da Lei, é por isso
que o BREVE CATECISMO assim diz:
“O que é pecado?
Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer
transgressão desta lei:.
BC. Pergunta 14
Esta resposta do BC, certamente está baseada no que diz João
acerca do pecado:
“Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei de: porque o
pecado é a transgressão da lei”.
1 João 3: 4
Olhando desta forma todos os homens estão sujeitos à Justiça
de Deus e ao seu veredito, e isto é patente quando lemos Romanos 6: 23, onde
fica bem claro que o pagamento, ou a retribuição para o pecado é a morte.
Pela Sua justiça, Deus se vê obrigado a punir todos os homens pois todos
ofenderam e ofendem à Sua santidade, contrariando a Sua lei. A Justiça de Deus
poderia ser observada por muitos prismas, contudo iremos nos ater somente à Sua
ação punitiva contra o pecado.
A JUSTIÇA ESTÁ LIGADA À PENALIDADE PELO MAL
Não seria possível compreender Deus se Ele não punisse o
mal. Pois se Ele próprio determinou um pacto de obediência como prova para o
homem (em Adão), e ao cumprimento desta prova haveria uma recompensa, a vida ou
a morte, se Ele não punisse o mal, Ele não seria mais um Deus de verdade,
soberania, santidade e outros atributos, e assim não seria coerente consigo
mesmo Deus. É por este motivo que a Justiça divinal pune o mal. Leia
Romanos 2: 5 à 8.
A própria natureza de Deus não permite que Ele deixe o
pecador sem punição, e esta punição na Bíblia é descrita pela ira de Deus que é
derramada sobre os transgressores.
Não precisamos esconder a ira de Deus para adular os
pecadores, e enganá-los apresentando somente um Deus amoroso, e mostrar a sua
justiça como uma questão secundária, como uma justiça frouxa, pelo contrário o
próprio Deus faz questão de revelar a alto e bom som que a sua ira será
derramada:
“A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça”.
Romanos 1: 18
Muitos dizem que esta demonstração de ira da parte de Deus
não combina com o seu ser, pois Deus deixa de ser um Deus de amor e passa a ser
um Deus de terror. Este pensamento é enganoso, pois primeiramente se Deus
deixar de se irar contra o pecado Ele está sendo injusto para consigo mesmo. Eu
pergunto a você: Um Deus perfeitamente Santo, pode permitir que o pecado
continue a ser praticado sem uma punição, pode um Deus Soberano estabelecer uma
Lei Santa e não punir a infração desta Lei, pode um Deus que é verdadeiro,
dizer que vai punir todo pecador e não fazê-lo?
A QUEM DEUS VAI PUNIR?
Já falamos que Deus pune todo pecado, e lemos que todos
somos pecadores, e vimos que a punição é a morte (em todos os sentidos) e que
esta é executada pela sua justiça revelada na sua ira. Bem, se todos somos
pecadores e tal punição terá que acontecer, isto quer dizer que todos
seremos punidos?
A resposta à esta pergunta é SIM!!
Todos os pecados serão punidos. É preciso salientar que Deus
ama o pecador pois foi Ele quem o criou, mas Deus abomina o seu pecado, e por
isso se vê obrigado a punir o pecado, e tal punição trás consequências óbvias
para o pecador.
Mas você pode estar perguntando: Como é que fica aquela
história de Deus perdoar os pecados?
Para responder à esta pergunta gostaria de dividir a justiça
de Deus em duas partes[1]:
a) OPERAÇÃO DIRETA
b) OPERAÇÃO INDIRETA
A Justiça divina é necessária,
jamais falhará, jamais irá além ou aquém do necessário. Todo pecado será
punido, e todo aquele que pecar também. Contudo há duas formas desta justiça
ser operada. A primeira eu chamo de OPERAÇÃO INDIRETA, e a segunda
de OPERAÇÃO INDIRETA ou VICÁRIA.
Na primeira o pecador paga
diretamente por seus pecados e assim é punido, na segunda o pecador tem um
substituto para pagar os seus pecados, e então este substituto é quem é punido.
A PUNIÇÃO DOS PECADORES SEM CRISTO
A Bíblia fala desta punição de
forma tremenda, mas talvez seja o Apocalipse que trate o assunto de forma mais
direta e mais calamitosa:
“(...) E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte
e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte,
o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi
lançado para dentro do lago de fogo”.
Apocalipse 20: 13 à 15.
Estes são os pecadores sem Cristo,
eles terão que cumprir com a pena à eles prescrita, na Bíblia (o salário do
pecado = a morte), e isto farão pessoalmente. Porém tal penalidade é
extremamente justa, e porque é justa ela é eterna, sem jamais ter um fim. Falo
assim porque existem pessoas que insistem em dizer que o inferno não é eterno,
e eu afirmo que é, não só pelas muitas referências à sua eternidade que está
claramente demonstrada na Escritura mas especialmente por conta do seguinte
pensamento:
Pense comigo, o pecado é uma
transgressão da Lei de Deus, que é Santa? Sim. A Lei Santa de Deus é uma
expressão da Sua própria santidade? Sim. Deus é eterno? Sim. Se Ele é eterno
Ele sempre teve os mesmos atributos que tem hoje e terá amanhã? Sim. Podemos
então dizer que a santidade de Deus também é eterna? Sim. Então o pecado é uma
ofensa contra um atributo eterno, a santidade? Sim. Responda-me então:
Porque a penalidade deve ser
passageira? E outra; se a penalidade um dia passar, significa que o pecador
conseguiu pagar?
Se você conseguir responder à
estas perguntas sem dizer que o inferno é eterno, você ainda não entendeu a
extensão das ofensas dos nossos pecados.
A PUNIÇÃO DOS PECADORES COM CRISTO
Respondendo àquela pergunta
inicial, quero repetir: Deus está punindo o pecado e não necessáriamente o
pecador. Assim digo: Deus pune a todos, contudo os cristão que receberam a
graça[2]
de Cristo, são punidos mas não pessoalmente (diretamente), mas sim vicáriamente
(indiretamente). É Cristo que recebe a punição por eles.
“Mas Ele (Jesus) foi traspassado pelas nossas transgressões e moído
pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele
(Jesus), e pelas as suas pisaduras fomos sarados. (...) mas o Senhor fez cair
sobre Ele (Jesus) a iniquidade de nós todos”.
Isaías 53: 5 e 6
Não quero me delongar mais, pois
esta é uma matéria que trataremos mais tarde na questão da salvação, o nosso
ponto aqui é a realidade do cumprimento da justiça de Deus em Cristo Jesus , que o
fez em nosso lugar.
Crer nessa justiça praticada
contra o nosso pecado é o alvo central da fé, pois foi este sacrifício que nos
libertou de uma culpa eterna, tanto é eterna esta culpa que nada mais nada
menos que o Deus eterno teve que vir pagar tal divida em nosso lugar, pois não
teríamos jamais condições de pagá-la diretamente. Isto é perdão!!!!!
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo”.
Romanos 5: 1
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos
salvos da ira”.
Romanos 5:9.
Porque Deus é justo, Ele tem
que punir o pecado, e porque Ele é amor Ele providenciou um substituto (Jesus)
para receber a punição no lugar de pecadores.
Este atributo divino deveria
conduzir-nos à meditação: Primeiro, para que nossos corações sejam
divinamente inculcados do ódio que Deus tem ao pecado, e para que aprendamos a
odiá-lo, também; Segundo, para gerar em nossos corações um temor a Ele (Hebreus
12: 28 e 29); Terceiro, para elevar nossas almas em fervente louvor por
haver-nos livrado da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1: 10).