sábado, 24 de junho de 2017

Apocalipse - Aula 7 - As Sete Trombetas

As Sete Trombetas


A seção das Sete Trombetas deve ser vista à luz da seção anterior, os Sete Selos. Na verdade, as Sete Trombetas são um desenvolvimento do Sétimo Selo, uma espécie de zoom nos acontecimentos iniciados na abertura do Sétimo Selo.
As Sete Trombetas, portanto, devem ser vistas no contexto da contagem regressiva para o final de todas as coisas, como os acontecimentos mais próximos do último período da presente era.
Elas são os juízos de Deus derramados sobre o mundo e são divididas em dois grupos, as quatro primeiras e as três últimas. Essa distinção parece apontar para a natureza dos acontecimentos e dos juízos, porque as quatro primeiras apontam para juízos sobre o mundo físico e as três últimas afetam diretamente os homens na sua percepção emocional e espiritual da vida.
Quanto à estrutura desta seção, temos também uma pausa na última trombeta, que parece indicar para uma espécie de novo clímax. Do mesmo jeito que o sétimo sêlo foi apresentado como um clímax e deu lugar às trombetas, a sétima trombeta, parece oferecer o espaço para a entrada de uma nova etapa, introduzida pela história do Dragão e do Filho (Cristo) e a chegada dos sete flagelos, introduzidos pelas quatro vozes.

As Orações dos Santos e as Trombetas

Neste primeiro momento, o que precisamos destacar é o papel da seção de abertura do texto, o momento do silêncio que toma a cena total do céu.
Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro anjo e ficou em pé junto ao altar, com um incensário de outro, e foi-lhe dado muito incenso para oferece-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de outro que se acham diante do trono e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar (Ap 8.1-6).
Como já vimos em aulas anteriores, o uso de passagens e figuras do Velho Testamento são muito frequentes no Apocalipse. Neste caso, podemos nos valer de como os profetas anunciavam o silêncio como um prenúncio do juízo de Deus:
O Senhor, porém, está no seu santo templo, cale-se diante dele toda a terra (Hc 2.20).Cala-te diante do Senhor Deus, porque o Dia do Senhor está perto (Sf 1.7).
Este silêncio, prenuncio do juízo, também dá espaço a uma imagem de muito significado, a chegada das orações incensadas dos santos. Esta cena, a que João dá especial atenção, aponta para uma realidade que deve ser seriamente considerada sobre a relação de Deus com o seu povo. Isto é, precisamos notar que a resposta do juízo de Deus contra os inimigos da igreja, quer Ele que consideremos, é um resultado de nossas orações piedosas e do clamor que erguemos aos céus, durante os dias de nossas maiores dificuldades na presente era.
O incenso que é apresentado é uma representação de como, por meio de suas intercessões, purifica nossa vida de oração, isto é, nossas vida de oração ainda imperfeita é santificada diante do altar de Deus, por meio, da ação santificadora de Cristo, nosso sumo sacerdote, representado aqui pelo anjo que toma a taça de ouro e o incenso diante do Trono de Deus.
Outro aspecto importante desta relação dos santos com Deus, por meio das orações é que elas são ouvidas no Trono de Deus. OU seja, todas aquelas noites de oração, as lágrimas que derramamos em nossas preces, os lamentos da nossa alma, nos jejuns e todos estes momentos de nossa devoção, entrega e piedosa busca, são respondidas diretamente por Deus.

As Quatro Primeiras Trombetas

Uma das características que unificam essas quatro primeiras trombetas é a sua natureza material do alvo da ira de Deus.
Trombeta
Juízo
Alvo
Primeira
Fogo e Saraiva com sangue
Mundo vegetal
Segunda
Chamas ao mar
Vida marinha
Terceira
Estrela Absinto
Vida nos rios
Quarta
Trevas
Astros

Uma das ênfases destes textos é que a destruição produzida pelos atos de juízo sempre atinge a “terça parte” dos diversos alvos. O significado desta descrição, possivelmente seja pela limitação da área, ou seja, Deus derrama o seu juízo e ele ainda não é final, mas mostra que Deus caminha para o derramar final do cálice de sua ira.
O mundo material é fortemente atingido e não somente a humanidade é alvo da ira de Deus. O que temos, portanto, é Deus revelando sua completa insatisfação com os homens e permitindo que seus atos de juízo sejam uma espécie de alerta sobre o controle dEle sobre todas as coisas e seu desagrado com os homens.
Com certeza, o alvo final dos atos de juízo é a humanidade. Por isso, a transição entre a quarta e a quinta trombeta inclui uma mensagem de alerta para os homens que vivem na terra.
Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai, ai, ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar (Ap 8.13).
A figura da águia é acentuada pela sua força de rapina. Ela se ergue e faz a sua voz ser ouvida em todos os cantos da terra e a sua mensagem de alerta é um clamor com a finalidade de fazer os homens se arrependerem, é a mensagem central do Evangelho. No entanto, a impenitência é a marca do mundo incrédulo.

As Três Últimas Trombetas

Essas três últimas trombetas têm como alvo os inimigos de Deus. Estes inimigos serão fustigados pela guerra e pela malignidade dos próprios homens.
Trombeta
Juízo
Alvo
Quinta
Gafanhotos do abismo
Tormentos dos homens
Sexta
Quatro anjos malignos
Guerra e morte
Intervalo
O Santuário e as Testemunhas

Sétima
A arca da aliança
Os flagelos finais

A abertura do poço do abismo e a libertação dos servos de Abandon ou Apolion é uma clara noção de que a malignidade dos últimos tempos será muito maior. O tempo da grande tribulação também será marcada por ser o período de uma libertação final de Satanás e o surgimento do anticristo e o homem da iniquidade.
Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição (...) Então, será, de fato, revelado o iníquo a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira (2Ts 2.3-9).
Essa malignidade se materializa, principalmente nas guerras que efetuadas a partir da sexta trombeta. Essas guerras, pela magnitude dos exércitos e o seu poder destruidor são uma espécie de momento singular de malignidade e ferocidade. Toda a terra sofrerá e o objetivo deste sofrimento era o arrependimento que jamais acontecerá.
Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número dos exércitos de cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares, eu ouvi o seu número (Ap 9.15-16).
Os outros homens, aqueles que não foram mortos por estes flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar, nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos (Ap 9.20-21).
Estas três últimas trombetas, portanto, são uma descrição mais próxima do tempo da malignidade que marcará os últimos dias. Entre a sexta e a sétima trombeta, temos uma descrição que é importante que separemos espaço para falar dela.
A sétima trombeta é o ponto de clímax que se abre para os flagelos que iremos descrever na próxima aula. Por isso, não vamos falar muito sobre esta trombeta. Vale destacar apenas que esta trombeta será iniciada pela Arca da Aliança de Deus que estava escondida no céu. Ou seja, ela é uma clara resposta final da obra redentora de Cristo, simbolizada no sangue da propiciação que é lembrado nas orações incensadas e santificadas no santuário de Deus.

O Santuário e as Testemunhas Mártires

O capítulo 10 abre com uma visão de um anjo gigante, este é o sentido de “anjo forte”. Ele era impressionantemente grande e sua descrição apontava para ele como uma figura excepcional.
Vi, outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco íris por cima de sua cabeça, o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; tendo na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra (Ap 10.1-2).
Essa descrição aproxima-se muito da descrição do próprio Jesus no capitulo inicial. Entretanto, o que temos é o destaque para um livro e este livro recebe atenção especial. Da mesma forma que o profeta Ezequiel é chamado a comer o livro e o gosto do mesmo é sentido pelo profeta, aqui, novamente, essa figura do Velho Testamento é usada para nos levar à clara conexão com a Escritura.
Fui, pois, o anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: toma-o e devora-o, certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel (...) Então, me disseram: é necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis (Ap 10.9-11).
Este ápice e este novo zoom dado ao texto tem como propósito apontar para a Escritura e como ela deve ser usada pelo povo de Deus. Devemos perceber que tudo isto está acontecendo na visão que aconteceu dentro do céu, mas deveria ser compreendido como uma ação que sempre tem consequências na vida material do povo de Deus.
Portanto, o que temos a seguir é exatamente uma descrição da Igreja que luta na terra, a qual foi medida, do mesmo modo como o texto do profeta Zacarias indica que a igreja seria medida.
Foi me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram (Ap 11.1).
Estas figuras, apontam para a visão da Igreja e para a sua santidade. Esta linguagem sobre a figura da igreja apontam para o oposto do que está acontecendo no mundo maligno, isto é, enquanto naquele a incredulidade aumenta, na igreja o que se espera é a crescente santificação.
Essa santificação será lapidada pelas testemunhas que serão martirizadas. Bem, em resumo, o que podemos compreender sobre estas figuras é que elas podem ser uma representação do agir profético e proclamador da Igreja, na pregação do Evangelho.
Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco (Ap 11.3).
Claro que estas figuras são enigmáticas e pouco sabemos sobre elas. Em geral, imaginamos que se tratam das pessoas de Elias e Enoque, os homens que não morreram e voltariam para a terra, em uma espécie de testemunho especial até serem finalmente mortos e ressuscitados, conforme os versos 9-11.
No entanto, podemos seguir o que interpretou Willian Hendriksen e imaginar que esta descrição seja figurada para falar da igreja que prega a palavra, o Velho e o Novo Testamento e que muitas vezes é dada como morta para o mundo, mas que sempre ressurge para testemunho da verdade.

A Sétima Trombeta – O Canto da Vitória

Já apontamos para a sétima trombeta como um clímax que abre o parênteses descritivo focado nos sete flagelos. Mas devemos dizer também que a sétima trombeta é também um canto de vitória.
O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: o Reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
Os anciãos que se acham diante de Deus se prostram novamente e cantam ao Cordeiro e rendem graças a Deus pela vitória do Rei e a chegada do tempo do fim:
Graças te damos, Senhor Deus, Todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, os santos e aos que temem o teu nome, assim, aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra (Ap 11.17-18).
Essa declaração se encerra com a abertura do céu e a visão da Arca da Aliança, uma clara visão do pacto de Deus com o seu povo, promessa esta feita à Abrão e ratificada em Moisés, Davi e Cristo Jesus.

Conclusão

Esta seção do livro de Apocalipse, portanto, é uma seção que aponta para o fato de que Deus, em resposta às orações de seu povo e de acordo com a sua Palavra e Aliança, irá se levantar do céu, finalmente para fazer vingança aos seus filhos e trazer juízo contra os inimigos de Cristo e da Igreja.
Precisamos destacar que esta visão aponta para o modo como a malignidade irá crescer nos últimos dias e como também a igreja deverá se santificar para estes dias. OU seja, o que todo crente precisa trabalhar na sua vida com Cristo é confiança e santidade.

Tudo isto é controlado a partir do Trono e das ordens do Cordeiro de Deus que está assentado no Trono e tem as igrejas em suas mãos. Um aspecto importante da vida da igreja está ligada à sua fidelidade ao livro e às profecias que nele estão contidas. Este é um dos pontos centrais do livro de Apocalipse: quem tem ouvidos para ouvir, ouça e não despreze as palavras da profecia.

domingo, 18 de junho de 2017

Apocalipse - Aula 6 - Os Sete Selos

Os Sete Selos


Considerando o desenvolvimento do Livro de Apocalipse, logo após as cartas às igrejas, o que temos diante de nós é uma visão do “Trono” e do “Cordeiro”. Nesta visão gloriosa, o que João vê é como o Cordeiro se tornou o Senhor de todo o Universo, comando toda a história humana, conduzindo-a para a culminação.
Como um resumo desta sessão do Livro, o que temos é uma exaltação do poder do Cordeiro e do seu governo sobre toda a Criação. Este comando é explicado com a abertura dos sete selos. Cada selo apresenta o relato de acontecimentos que se dão entre os homens, primeiro quatro cavaleiros saem para a sua realização histórica. Ao final das quais se focaliza no fato de que a vida dos salvos e a vingança do Cordeiro contra a morte dos seus eleitos é o alvo da vitória final.
O sexto selo é a abertura de um período histórico que podemos identificar a Grande Tribulação, e o sétimo será, por assim dizer, o tempo do fim, dando abertura à próxima sessão que são as Sete Trombetas.
Em todo este ponto do Livro, o que se destaca é o domínio que o Cordeiro tem para realizar a sua obra purificadora da Criação e como o faz paulatinamente no transcorrer da história que ele próprio dirige. Vejamos esta sessão em detalhes a partir de agora.

A Visão do Trono e do Cordeiro  

A primeira sessão mostrou a relação pessoal de Cristo com as Igrejas e como os crentres devem estabelecer uma relação de confiança, fidelidade e esperança nas promessas que Ele faz por meio da sua Palavra:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2.7).
Essa relação fundamental é reforçada quando João tem a sua segunda visão. Ele é transportado para dentro do céu onde lhe é revelado o Cordeiro, sentado no Trono abrindo os sete selos.
Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta a falar comigo, dizendo: sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado (Ap 4.1-2).

A Visão do Trono

As descrições do Trono são o centro da revelação do Capítulo 4. Você notará que no capítulo 4, aquele que está assentado no trono é a figura central, contudo ele não é descrito, é visto sem ser detalhado.
E esse que acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônico, e, ao redor do trono, há um arco íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Ao redor do trono, há também, vinte e quatro tronos, e assentado neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro (Ap 4.3-4).
O ponto focal do capítulo 4 é toda a atividade ao redor trono, revelando a centralidade do Trono para o Universo da Criação. Os sete espíritos de Deus são os mensageiros da vontade de Deus para  toda a Criação, que circunda o trono, o chamado mar de vidro, a multidão que circunda o trono.
Os quatro seres viventes, representando o agir de Deus sobre os quatro cantos da terra são o toque da realidade constante do poder condutor de Deus na história. O que vemos é que em resposta ao seu agir, toda a Criação adora a Deus.
Os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro, não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir (Ap 4.8).
Este tipo de descrição aponta para o poder de comando que está centralizado no Trono de Deus. João está sendo guiado e revelando como os acontecimentos da realidade histórica nascem a partir da vontade exercida pela Trono. Os seres viventes são a realidade motriz da vontade do Deus vivo. Essa ação é continua, de percepção absoluta e em todas as direções. O resultado dela é a proclamação prática da Santidade, do poder de Deus e de sua condução da história.
Todo o Universo rende glória àquele que está assentado no Trono, porque todo o Universo reconhece que ele é quem está no controle de toda a história e tudo faz como lhe agrada, para sua própria glória.
Tu és digno, Senhor e deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas (Ap 4.11).

A Visão do Cordeiro

Toda a atenção de João é levada para aquele que está sentado no Trono. Sim, enquanto a primeiro visão era sobre toda a atividade que se derivava do Trono, a segunda visão do céu é voltada para a atividade daquele que está assentado no Trono.
Vi, na mão direita daquele que estava sentado no Trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos (Ap 5.1).
A visão se concentra na glória do Cordeiro que está assentado no Trono e na sua autoridade para abrir os selos. A figura do livro selado aponta para a história da humanidade e os selos para a exclusividade da autoridade do Cordeiro para manusear o livro da história.
Todavia, um dos anciãos me disse: não chores, eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro, como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que  são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, tomou o livro da mão direita dquele que estava sentado no trono, e quando tomou o livro, os quatro seres viventes, e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de outro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra (Ap 5.5-10).
Essa figura é dupla. O Leão da Tribo de Judá é substituído pelo Cordeiro que foi morto na condução da história e na abertura dos selos. Trata-se de uma exaltação da morte de Cristo como o ponto de conquista da dignidade e autoridade para conduzir a história, em favor da Igreja.
Este ponto da visão é de grande importância para os crentes que devem, desta forma, se encher de esperança e paz no coração, uma vez que a redenção é o grande alvo da história. Portanto, todos os acontecimentos concorrerão para que a vontade redentiva do Cordeiro que foi morto se torne efetiva na vida da Igreja, o seu reino de sacerdotes. O resultado é a adoração de todas as criaturas.
Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos (Ap 5.13).

A Visão dos Selos

A terceira etapa da visão se concentra no livro selado que estava na mão do Cordeiro, quando este abriu cada um dos selos. Quando são abertos os selos, a história é conclamada à realidade: Vem!
Vi quando o Cordeiro abriu um dos selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo: como se fosse voz de trovão: Vem! (Ap 6.1).
Quatro selos falam desta chamada da história à realidade, o cavalo branco, o vermelho, o preto e o amarelo, todos saem para a realização histórica de sua responsabilidade. Em geral, sua ação acontece em meio às guerras, apontando para uma disputa de poder que é travada ao longo de toda a história.
O ponto que João tem em mente é que estes acontecimentos históricos são a demonstração do controle de Deus sobre a vida humana e o desenvolvimento da mesma em favor de sua igreja.
O quinto selo é uma visão específica do favor de Deus aos seus eleitos e como a ação histórica tem como centro o desenvolvimento da vingança da morte dos seus escolhidos.
Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus epor causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue do que habitam sobre a terra? (Ap 6.9).
O que se pode notar, portanto, é que a visão dos selos tem como objetivo o conforto da Igreja no sentido de lhe mostrar que a história conduzida pelo Cordeiro que foi morto é uma resposta de Deus em favor do seu povo. A morte de cristãos por causa do seu testemunho nunca é uma coisa vã, um simples acontecimento histórico ao sabor da vontade dos homens maus, dos inimigos da fé. A igreja precisava confiar na direção histórica do Cordeiro sobre os acontecimentos, sabendo que tudo era conduzida para trazer honra a Cristo e ao seu povo.

A visão do sexto selo – a grande tribulação

O sexto selo é o momento histórico, descrito também como “A Grande Tribulação”. Este período é aquele imediatamente anterior ao fim, quando a Ira do Cordeiro será definitivamente trazida e a vingança do Rei dos Reis será realizada.
O ponto deste sexto selo é descrever a vingança do Cordeiro e a salvação efetuada por Cristo em meio à grande tribulação do seu povo.
Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livro se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque cheou o Grande Dia da Ira deles, e quem é que pode suster-se? (Ap 6.15-17).
O outro lado deste sexto selo é a comemoração da vitória da Igreja. Ou seja, enquanto por um lado é derramada a Ira do Cordeiro sobre os inimigos da fé, no outro extremo da realidade está a alegria daqueles que emergem da grande tribulação como os filhos vitoriosos de Deus.
Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas quem são e de onde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: são estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue o cordeiro (...) jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 7.13-17).

 “A Grande Tribulação”
Quando lemos sobre os eventos próximos do Eschaton, o final da presente era, devemos, como temos insistido, discernir que o objetivo da Escritura, ou seja, de Deus, não é aguçar a nossa curiosidade e muito menos causar qualquer terror em nossa alma. Entretanto, é muito comum ver essas duas reações distraindo a nossa mente quando o assunto é “Escatologia Futura”.
Não obstante este ser um assunto curioso e, ao mesmo tempo, um tanto quanto perturbador, o que Senhor espera que façamos é que o tomemos como um alerta para que desenvolvamos um pensar escatológico e, assim, vivamos com discernimento os dias de nossa era, mais particularmente os dias finais de nossa era. 
No ponto que abordaremos hoje, falaremos sobre a “Grande Tribulação” e procuraremos nas descrições bíblicas sobre este evento os elementos necessários para o desenvolvimento de um pensar escatológico sadio.
A Grande Tribulação Como Evento Escatológico
É comum a associação da “Grande Tribulação” com acidentes catastróficos. Esse erro acontece quando a leitura de alguns textos bíblicos referentes visa uma abordagem meramente “jornalística”. Em outras palavras, quando textos como Mateus 24. 5 a 14, são lidos apenas para coleta de informações sobre o tipo de eventos que terão lugar no período da “Grande Tribulação”.
E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores (Mateus 24.6 a 8).
Reduzir o conceito de “Grande Tribulação” apenas ao aspecto catastrófico dos acontecimentos próximos do fim é um erro de leitura. Sim, alguns eventos catastróficos terão lugar neste período, mas não é somente isto que  definirá a natureza destes período. A “Grande Tribulação”, como evento escatológico, será muito mais marcada pelo recrudescimento da postura anti-cristã no mundo.
Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome (Mateus 24.9).
Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosso o próprio Deus (II Tessalonicenses 2.3 e 4).
A Grande Tribulação, portanto, não é apenas um evento de catástrofes que leve a população mundial a sofrer. Primordialmente, o alvo do Senhor Jesus é mostrar que, na “Grande Tribulação”, a Igreja sofre perseguições e a influência apóstata, na busca de fazer calar a voz do Reino de Cristo.
Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos (Mateus 24.11 e 12).
O propósito central dos agentes tribulacionistas do mal é o de fazer calar a Igreja para que o Evangelho de Cristo, que anuncia a chegada do Reino não seja anunciado. Duas maneiras serão as mais empregadas estratégias: a morte dos cristãos e a semeadura do falso evangelho.
Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos (Mateus 24.20 a 24).
Concluindo, é importante que se perceba que a “Grande Tribulação” é um evento escatológico que aponta para o aprofundamento da mentalidade de oposição a Cristo e sua Igreja. Neste período, principal arma dos inimigos da Cruz é o silenciamento da voz do Reino, a pregação do Evangelho.
A Grande Tribulação Como Evento de Forças Malignas Exacerbadas
A malignidade é própria da natureza humana caída. Em virtude da malignidade do coração do homem, também temos a rebeldia do ser humano caído no que tange a sua fuga constante na sua relação com Deus.
Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas (Salmo 2. 1 a 3).
Talvez o episódio mais significativo sobre essa postura fugidia do ser humano em relação a Deus seja o que relata a queda do homem, quando o homem se escondeu do Senhor e tentou cobrir-se com folhas de figueira.
Entretanto, a malignidade presente nos dias da “Grande Tribulação” não é somente aquela própria da inclinação do coração humano. Antes ela é um produto da exacerbação do poder do Maligno.
A intensificação da animosidade entre as nações e o despontar de tantas guerras, a proliferação do fome, o crescimento da apostasia e da iniquidade são resultados dessa malignidade fortalecida pela presença do Maligno na terra.
Os textos bíblicos vinculam este período de aumento da malignidade humana com o surgimento do “Homem da Iniquidade”. Um agente maligno-tribulacionista e a sua ação é segundo a mesma intenção e poder de Satanás.
Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição... Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios da mentira (1 Tessalonicenses 2.3; 7 a 9).
Em Apocalipse, podemos associar este período da “Grande Tribulação” com o surgimento das bestas do Mar e da Terra (capítulo 13). Também, com soltura de Satanás, preconizada no capítulo 20. Enfim, podemos falar de um período onde a malignidade presente é fortalecida pela ação capacitadora de Satanás e o surgimento de agentes diretamente relacionados ao príncipe das trevas, o homem vil (Daniel 11.20 e 36).

A visão do Sétimo Selo – Início das Trombetas

O sétimo selo é tão somente o início de uma nova sessão. Sim, porque a abertua do sétimo selo é o sinal da final da história, quando as trombetas, sinal característico ca volta de Cristo assumem o lugar e se dá início ao processo final de desfecho histórico.
Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas (...). Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar (Ap 8.1-6).
Aqui, então começamos uma nova etapa do livro de Apocalipse e vamos nos deter nela na próxima aula.

 

Conclusão

Um dos pontos mais importantes a ser destacado nesta sessão do livro é a confiança que a Igreja deve ter na condução histórica do Cordeiro em favor da sua igreja. O ponto central é o fato de que no final das contas, os inimigos do Cordeiro e da Igreja serão destruídos e a ira do Cordeiro finalmente se manifestará para exercer o juízo e vingança. Por outro lado, o que temos é a igreja sendo protegida e estando segura sendo aquela que é vestida pelo Cordeiro de vestes brancas durante o período da grande tribulação.