domingo, 7 de abril de 2013

Estudos em Soteriologia - Aula 005 - O Pacto da Redenção


Introdução
Em nossos estudos sobre a Doutrina da Salvação - Soteriologia, vimos, na primeira parte, o profundo abismo do pecado em que o homem se encarcerou, seu estado de condenação e sua condição pecaminosa.
Como resultado deste estado de pecado, Deus, que é um justo juiz, vindica sua santidade ofendida com a punição da lei, isto é a morte. O instrumento de execução da pena capital é o derramar da Ira de Deus.
Portanto, a humanidade vive debaixo da Ira de Deus (Efésios 2.1 a 3), que será derramada finalmente no juízo final, quando Deus encerrar esta presente era e todos os homens estariam irremediavelmente perdidos, afinal “todos pecaram e merecem receber a penalidade”. 
Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3.23).
Porque o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23a).
Neste estado de perdição o homem nada pode fazer por si mesmo. Sua natureza completamente afetada pelo pecado (depravação total) só nos incita para mais longe de Deus e da estrutura criacional de honra a Ele. Portanto, a salvação deverá vir de fora do homem e o único ser capaz de promover a salvação do gênero humano, nestas condições, é o próprio Deus.
O Eterno Pacto de Redenção ou Pacto da Graça
O Pacto Eterno de Redenção é a primeira obra visando a redenção do homem, isto é, tendo como objetivo livrar o homem pecador da condenação eterna. Este pacto ocorre no ambiente da “eternidade intertrinitária”.
Uma vez que Deus é absolutamente eterno e isto implica em que o homem não precisa já ter pecado para que Deus conhecesse a sua história, antes da fundação do mundo e, portanto, antes do próprio pecado do homem, a Trindade, em um Conselho Eterno, se inclina a redimir o homem, obra de suas mãos, e salvá-lo da sua própria Ira. As Escrituras atestam este pacto eterno em textos como:
“...assim como nos escolheu nEle, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para adoção de filhos...” (Efésios 1.4 e 5).
“...a manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas... Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Efésios 3.9 a 11).
“...que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1.9).   
Podemos, destes e doutros textos, perceber que a decisão de redimir o homem ocorreu antes da fundação do mundo, quando a Trindade, decide que não deixaria o homem no estado de condenação em que ele se meteu.
O primeiro passo para a salvação do homem condenado foi a obra eterna do pacto de redenção intertrinitário. Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a fonte original da salvação do homem. Nisto, começa a se desenhar o nome que devemos dar a este pacto: Pacto da Graça. Uma vez que a obra redentora não nasce da busca dos que precisam de salvação, mas do próprio Juiz Eterno que decide buscar e salvar o perdido.
O Filho Designado Salvador
O Conselho Eterno da Trindade, no que diz respeito à Obra da Redenção, designou o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, como o Suficiente Redentor. Também estabeleceu como se daria todo este processo redentivo.
Portanto, a morte de Jesus, que tinha como propósito pagar o preço exigido pela Lei Eterna de Deus, fora considerada já antes da fundação do mundo. Por isto, o texto de Apocalipse é enfático em dizer que o Cordeiro fora considerado morto, antes da fundação do mundo.
“...adorá-la-ão [a besta] todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto deste a fundação do mundo” (Apocalipse 13.8).  
A designação eterna do Filho como redentor foi uma decisão trinitária, mas a ordem de enviá-lo para este fim foi o Pai. A esta divisão de tarefas intertrinitária chamamos de “Economia da Trindade”. Isto mostra o envolvimento das Três Pessoas da Trindade emtoda a obra redentiva.
“Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica o teu Filho, para que o Filho te glorifique a Ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (João 17.1 e 2).
O Filho Fiador da Aliança
A designação eterna do Filho como nosso Salvador o estabeleceu como nosso Eterno Fiador. Ou seja, ele cumprirá a função de pagar nossas obrigações legais, diante do tribunal de Deus.
“E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes [sacerdotes levitas do VT], mas este [Cristo], com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és sacerdote para sempre); por isso mesmo, Jesus tem se tornado fiador de superior aliança” (Hebreus 7.20 a 22).
O Filho Mediador da Relação Entre Deus e o Homem  
Outra designação do Conselho Trinitário para a pessoa do Filho é a de torná-lo mediador da nova aliança. Neste sentido, ele é o único sacerdote eterno que realiza a entrega sacrificial pelo pecado, mas também é o representante dos homens condenados, um substituto que a si mesmo se entrega como sacrifício. Portanto, ele faz a entrega do sacrifício de si mesmo em favor de pecadores condenados.
“Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas” (Hebreus 8.6).
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim todos serão vivificados em Cristo (1 Coríntios 15.22).

Este Pacto é Uma Proposta de Amor Eterno e Exigente
Devemos considerar que o Pacto da Graça é a manifestação de um amor eterno de Deus. Ele nos amou, antes que existíssemos e nos concedeu seu Filho como oferta deste amor.
“...com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jeremias 31.3).
Todas as exigências da Lei, o Pai, justo juiz, fez recair sobre o Filho e, para que o Pacto da Redenção se tornasse eficaz, ele exigiu do Filho algumas coisas:
A) Que o Filho, como nosso último representante (último Adão) cumprisse as exigências da Lei (Mateus 5.17);
B) Que o Filho assumisse a natureza humana, nascendo de mulher, e esvaziasse de sua glória, adentrando a temporalidade da vida humana com suas fraquezas e limitações, sem contudo pecar (Gálatas 4.4, Filipenses 2.7 a 8);
C) Que o Filho que era superior à Lei, e colocasse debaixo da Lei e que se colocasse numa relação penal com a Lei, assumindo a culpa humana a fim de pagar a penalidade exigida (2 Coríntios 5.21);
Podemos dizer, então, que a obra do Pai e do Filho são em si, obras de amor. O Pai, porque envia seu único Filho e o Filho por ser o voluntário para esta profunda entrega de amor.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).
Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai (João 10.17 e 18).  
Conclusão
Portanto, o Conselho Eterno da Trindade estabeleceu o Pacto da Graça nos termos de que a Lei seria satisfeita pela obra redentora a ser realizada na morte do Filho. Ele, por isto, se encarnou, para fazer-se homem e representar a raça humana, fazendo o sacrifício de valor eterno e perfeito.
É necessário dizer que a obra da salvação de homens condenados não se completa apenas na decisão eterna de redenção. Esta obra terá os seus desdobramentos históricos na aplicação desta salvação, de forma efetiva na vida das pessoas que serão salvas.
Este ponto será melhor compreendido no estudos das demais obras da salvação, o que chamamos de “Ordo Salutis” (ordem da salvação), que é um estudo de como a salvação se opera efetivamente na vida das pessoas.

3 comentários:

  1. Como se dava a salvação dos Judeus, apenas por sacrifícios de animais e rituais dos sacerdotes já eram suficientes? ou eram salvos os Judeus por serem povo escolhido por Deus? pelo que parece em Nm 25 e em outros trechos que nem todos os Judeus foram salvos.

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    1. Olá Alex, obrigado por perguntar.
      Bem, como vimos, o processo da Salvação é por meio de pagamento judicial, isto é, um representante paga em nosso lugar, no caso Cristo. Toda a humanidade, inclusive os judeus estão no mesmo barco (basta ler a carta aos Romanos e veremos que este é o ponto do apóstolo Paulo, no capítulo 3.9, não há vantagem em ser judeu).
      Então, ninguém foi ou é salvo apenas por ser judeu. SE fosse assim, o sistema legal de satisfação da Lei estaria furado. O mediador tem de ser um homem sem pecado e somente Jesus faz isto.
      Os judeus que foram salvos antes da vinda de Jesus, como foram salvos? Pela fé em Cristo, também! Veja Romanos 4.1 a 3 e Gálatas 3.8 a 14 - O Evangelho foi preanunciado à Abraão).
      Mas como? Jesus não tinha vindo ainda?
      Os sacrifícios que faziam tipificavam a Cristo. Eles eram obrigados a crer que a propiciação do sangue de animais favorecia Deus e estes sacrifícios eram "tipos" do verdadeiro sacrifício que foi feito na cruz (Hebreus 9.11 a 22).
      Outro aspecto a ser lembrado, tocamos neste assunto em nossa aula, é que, embora o sacrifício de Cristo tenha ocorrido na história, ele foi considerado na eternidade, pois o Cordeiro foi considerado no tribunal eterno, morto antes da fundação do mundo (Apoc.13.7 e 8).

      Nem todo judeu é salvo? É verdade, nem todo judeu é salvo. Aliás, além do texto que você citou, mais claramente temos o apóstolo Paulo declarando isto: Romanos 9.

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