sábado, 30 de março de 2013

Estudos em Soteriologia - Aula 004 - Justiça e Ira de Deus

Introdução
Viemos até estudo o estado e a condição do homem em pecado. Vimos que como o pecado passou a todos homens, por meio da imputação soberana do pecado, decorrente do pecado original do nosso representante, Adão.
Também estudamos a contaminação da nossa natureza. Afinal, o pecado original não permaneceu neutro no ser humano, mas gerou em nós uma inclinação à rebeldia, que nos leva a uma estrutura sempre idolátrica, tendo como amor último o ego, em lugar de Deus.
Contudo, há que se dizer que o pecado pode ser o fator gerador de todos os nosso problemas, mas a salvação que anunciamos no Evangelho não significa simplesmente ser salvo do pecado. Hoje, queremos abordar um tema que muito nos interessará no processo de estudos da doutrina da salvação (soteriologia), que é o assunto da aplicação da Justiça Punitiva de Deus sobre o ser humano em pecado.
Porque o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23a).
Precisamos discernir exatamente do que é que fomos salvos por meio da cruz de Cristo, a fim de que compreendamos melhor quais as implicações da Cruz de Cristo sobre a nossa vida.
A Santidade de Deus
A Justiça de Deus é um dos seus atributos que está fortemente vinculado à sua perfeição mais cara: a santidade. Para compreender adequadamente a “justiça de Deus”, com toda certeza, precisamos considerar mais atentamente os valores conferidos por Deus à sua própria santidade.
Uma vez jurei por minha santidade (e serei falso com Davi?): a sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim (Salmo 89. 35 e 36).
A santidade de Deus é o seu grande atributo moral. Ela aponta para duas nuances diferentes. Na primeira, a santidade aponta a exclusividade de Deus como um ser separado de todo o restante da Criação, por causa da excepcional e completa perfeição do seu ser. O outro aspecto da santidade de Deus tem haver com a pureza que lhe é atribuída e sua total e completa ausência de mal, trevas ou qualquer sinal de contaminação. Assim, de uma forma ele se mostra perfeito e absoluto e de outra perfeitamente puro, sem mácula alguma.
Essa dupla visão da santidade de Deus nos faz considerar que a manifestação desta santidade se dá de duas maneiras: a grandiosidade, majestade e beleza de suas perfeições (Ex.15.11, Is.57.15); e a completa pureza e perfeição dos seus juízos e leis (Sl.19.7 Rm.7.12).
A Santidade de Deus aponta para a perfeição moral da sua natureza. Ele não pode fazer nada injusto, pois contraria o que ele é: perfeito e santo. Assim sendo, a santidade de Deus é, entre outras coisas, a razão moral suficiente para que Deus, conquanto um juiz santo e perfeito, julgue o pecado com equidade, revelando sua justiça. 
A Justiça de Deus
Uma vez que falamos um pouco sobre a santidade de Deus e, como já dissemos, a justiça de Deus está vinculada à sua santidade. Agora podemos começar a falar à respeito do porque Deus exerce a sua justiça sobre o pecador.
Um primeiro aspecto a ser pontuado é o fato de que é obrigado a ser justo, porque a sua justiça é a preservação de sua santidade. Se ele não condena o pecado que ele disse que condenaria, estaria contrariando a si mesmo (Sl.7.11; Sl.51.4).
A Lei de Deus reflete a sua santidade. A quebra da Lei de Deus por parte do homem, trás para o pecador o juízo de Deus, ou seja, ele passa a ser réu da Lei, afinal contrariou a Lei de Deus (Dt.28.15).
A Justiça de Deus é, por assim dizer, a maneira como Deus vindica a sua santidade, condenando o pecado dos homens e também o faz beneficiando aquele que o serve e obedece as suas leis.
Justiça Remunerativa
Por justiça remunerativa, devemos compreender todo aquele trabalho de Deus que recompensa a obediência dos seus seres criados. Devemos dizer que a justiça remunerativa é sempre condicional à obediência.
Nas escrituras temos muito exemplos de como Deus recompensa a obediência (Dt. 7.12 a 14; Sl.58.10 e 11; Mt.25.21). Mas não podemos dizer que essa justiça seja meritória. Na verdade, quando formos fiéis e recebermos bênçãos decorrentes desta obediência e fidelidade, devemos nos lembrar de que somos fiéis e obedientes porque Ele nos ajudou (1Co.4.7; Tg.1.17).
Justiça Punitiva (retributiva)
Essa justiça é aquela que se refere à aplicação das penalidades da Lei. Por meio desta justiça, Deus vindica a sua santidade, punindo o pecado dos homens (Rm.1.18).
Ao punir o pecado dos homens, Deus não está apenas vingando sua santidade maculada com o pecado humano, ele está também manifestando toda a sua indignação com o desvio que a mente humana pegou. Assim, Deus pune toda a perversão, que é o ato de mudar o vértice, que deveria estar focado exclusivamente em Deus, mas que foi mudado apontando para o próprio ser humano.
A Ira de Deus
O instrumento que torna a justiça de Deus eficaz é a Ira de Deus. É por meio do derramar da sua Ira que Deus executa o seu juízo sobre os homens ímpios (Rm.1.18; Nm 11.1).
Como nosso ponto não é fazer um estudo exaustivo sobre a manifestação da Ira de Deus, mas trabalhar o conceito de Salvação. Queremos saltar em nossas considerações para pontuar sobre o fato de que, no inferno, a Ira de Deus é o cálice que irá ser derramado como instrumento de tormento eterno.
O próprio Cordeiro de Deus manifestará a sua Ira contra a impiedade dos homens (Ap.6.16 e 17). Devemos também lembrar que o próprio Diabo será atormentado no Inferno, o que nos deve fazer muitos cristãos reverem o que realmente é o inferno (Ap.20.10).
Portanto, quando a Bíblia afirma que seremos salvos, ela está nos dizendo que estamos sendo salvos de sofrer a Ira do Senhor (1 Ts.1.10).
Resumo Final
O pecado original no conduziu a um estado de pecado, este é o ponto de partida da nossa condenação. Ele é portanto, a razão primeira da necessidade de Deus derramar a sua ira sobre nós e nos atormentar o restante da eternidade no lago de fogo.
Também percebemos o seguinte, que não somente o pecado original, mas os pecados atuais, decorrentes da nossa condição como homens caídos e rebeldes contra Deus, nos conduzem à condenação, uma vez que nossos pecados atuais revelam ainda mais a nossa natureza caída e o nosso estado de condenação.
A Ira de Deus é, portanto, parte executória do seu atributo de justiça, por meio de qual exercício, o Senhor vindica a sua santidade perfeita.


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