domingo, 25 de janeiro de 2015

Aula na IP Diadema-SP - Vida Cristã Como Resposta


A Vida Cristã Como Resposta ao Mundo Caído 



Objetivo desta lição
Esperamos construir elementos para o aumento do desejo dos alunos de interagirem em seu meio social, oferecendo uma resposta cristã à cultura secularista. Trabalharemos o conceito de pregação evangelística e pregação cosmovisional como uma ferramenta para o entendimento dos níveis de atuação da igreja neste mundo caído.

Introdução
  Nem sempre os cristãos sabem como agir neste mundo. A cosmovisão secularista, que tomou conta da sociedade ocidental, tem entrado em um grande e caótico abismo de incertezas e esta é uma grande oportunidade para a reinserção de valores bíblicos.
Mas, a Igreja precisa compreender sua tarefa, ter o senso de sua urgência e conhecer as ferramentas de que dispõe para isto. Nessa aula, buscamos expor a necessidade de uma resposta cristã abrangente, para a aplicação da cosmovisão cristã a todas as áreas da vida e cultura humana.
1 – A Necessidade de Uma Resposta: Pregar o Evangelho
A igreja foi enviada ao mundo com uma resposta: o evangelho. Mas, o que é o evangelho? Muito embora, possa parecer simples responder essa questão, uma resposta mais completa é necessária para que compreendamos exatamente que mensagem temos para o mundo.
O evangelho anuncia que o homem perdeu sua referência primordial da criação, sua teocentricidade; que deixou Deus, ao aliar-se pecaminosamente a outro deus, o ego. O Evangelho anuncia que, por essa rebeldia e quebra da lei criacional, o homem foi condenado (Rm 2.11-16).
O evangelho também é o anúncio de que, em Cristo, todas as coisas serão redimidas e a mente do homem reintegrada ao princípio criacional teocêntrico (Rm 8.22-23). Essa resposta não diz respeito somente à salvação dos crentes ou ao céu, mas a uma proposta de um mundo, uma cultura e um ser humano referenciados em Deus (Rm 11.36).
O Evangelho é a ferramenta dos cristãos para construir ao seu redor as demonstrações mais claras deste reinado teorreferente, ou seja, a família cristã, a igreja cristã e a sociedade influenciada pela presença cristã (Cl 1.13-23).
A – Pregar o Evangelho porque o jardim está contaminado
Necessitamos dar uma resposta cristã à cultura secularista, porque a contaminação atingiu todo o jardim de Deus (Rm 8.20).
Não se trata apenas de um convencimento a respeito de uma opinião teológica ou religiosa. Para os cristãos bíblicos, o dever de cuidar do jardim e atender ao Mandato Cultural exige que nos manifestemos com preocupação sobre cada aspecto do mundo que nos cerca, que interfere na primordial tarefa da criação de glorificar a Deus (Sl 68.32-35; Sl 150.1-6; Ap 5.13).
Pregar é um dever, mas também um ato de amor (Rm 5.6-11). Esse ministério, chamado de ministério da reconciliação (2Co 5.18-30), é uma tarefa que se origina na necessidade que temos de conduzir as mentes de volta a Cristo (2Co 10.4-5), pois o pecado contaminou e levou os homens a viverem com a mente encoberta da verdade (2Co 4.3-6).
A cultura desenvolvida pelos homens, salvo exceções por concessão da graça de Deus, reflete essa contaminação e segue o ritmo egorreferente do coração humano (Pv 6.12-19; 19.3). Esse comportamento rebelde conduz a vida humana a condições ainda piores (2Tm 3.13).
B – Pregar o Evangelho Como ato de obediência do jardineiro
“Sal e Luz” – com essas figuras, Jesus descreve a necessidade da presença da igreja neste mundo (Mt 5.13-15). Ambas servem ao argumento de que o mundo está em declínio e trevas. Também nos mostram que estamos neste mundo para conduzir o jardim de Deus à sua função original: glorificar a Deus.
A ignorância sobre o papel da igreja talvez seja menos danosa que a omissão (Tg 4.17). Não podemos nos esconder atrás de desculpas ou nos amedrontar diante do desafio de trazer a este mundo a mensagem do Evangelho em sua totalidade cristocêntrica (Fp 1.27-30; Mt 28.18-20).
O mundo nos odeia por anunciar o reinado de Cristo, mas isso não é uma novidade para nós (Jo 15.18-21). Contudo, apesar da sempre crescente oposição (2Ts 2.3-4), a proclamação do evangelho é um dever do qual não podemos nos esquivar (1Co 9.16; 2Tm 4.1-2).
Fomos chamados para viver sob o comando daquele que governa todas as coisas (2Tm2.4-5). Esse papel de atalaia do reino de Cristo Jesus é a principal tarefa da Igreja, no cumprimento de seu elevado dever de conduzir tudo a Cristo (Mc 16.15).
C – Pregar o Evangelho para a glória do dono do jardim
O grande dever existencial de toda a criação é revelar a glória do Criador (Sl 19.1). O homem, entretanto, não somente revela a glória do Criador, mas é capaz de reconhecê-la racionalmente (Sl 8.3-9; Mt 5.16).
Reconhecer a glória do Criador é um ato mental que deveria conceder ao homem a mais completa sensação de gozo e o preenchimento total da sua alma, em uma plena e absoluta satisfação existencial (Sl 16.11; Fp 4.4). Mas, o pecado interferiu nesse elevado potencial da mente humana, provocando uma sombra devastadora que nos afastou dessa alegria em plenitude (Ef 4.17-19).
A pregação do evangelho busca trazer o homem de volta à sensatez, fazendo-o perceber a glória de Deus, expressa no seu jardim e no próprio ser humano, criado à sua imagem (2Co 4.1-5).
Por sua ligação vital e redencional com Cristo, a Igreja é a única agência credenciada para anunciar essa mensagem, do evangelho da glória de Deus (1Tm 1.11).
2 – Uma resposta cultural dinâmica e abrangente
Como agência proclamadora do evangelho, a Igreja não pode se conformar em oferecer uma resposta que não vise o resgate de toda a criação. Pois, todos os assuntos da vida humana estão correlacionados e dizem respeito à nossa relação com o Criador.
Ecologia, industrialização, ocupação desordenada do solo, a fome nos países do terceiro mundo, tudo isso, e muito mais, é de interesse do Evangelho restaurador. Por isso, devemos apresentar ao mundo uma resposta cristã para a cultura.
A – Renunciando os ídolos do coração
A resposta do cristianismo à cultura não alcançará grande resultado se o próprio cristianismo falhar em ser o modelo ideal a ser observado (Mt 5.16; 1Ts 1.6-7). Pois, o juízo de Deus à resposta humana começa pela própria Igreja (1Pe 4.12-19).
A Igreja é conduzida pelo próprio Deus para ser a parte visível do reino e servirá de parâmetro para o mundo, tanto para conduzir os homens a Deus, como para fazê-los cientes de seu erro (2Co 2.14-16). Portanto, os cristãos deverão encarar toda a realidade cultural caída e oferecerem-se como um novo padrão cultural, a partir da renúncia dos ídolos que controlam o coração do homem natural e o afastam de Deus.
A igreja é chamada a renunciar tudo o que a afastaria da verdadeira vida teorreferente. Em outras palavras, a igreja não pode servir a dois senhores (Mt 6.24). Sem rejeitar a estrutura maléfica do pecado, sua revolução cultural teocêntrica será impossível.
Como cristãos, não podemos aprovar ou sermos coniventes com a exploração dos pobres (Am 8.4-6), a mentira (Os 4.2), a cobrança de propina (Mq 7.2) e tantas outras mazelas do mundo caído. Cristãos conscientes do seu chamado devem ser modelos de renúncia da egorreferência, em favor de uma humanidade que viva segundo a Lei de Deus, o amor (Lc 10.25-37).
B – Apego às normas de Deus
A cultura humana é sempre uma expressão das cosmovisões dominantes. A cosmovisão cristã, por sua vez, deve produzir uma cultura de valores que se baseiem objetivamente na palavra de Cristo (Cl 3.16-17), para que não caia no erro humanista e seja traída pela corrupção do próprio coração (Jr 17.9; Pv 6.14).
Dentro de um padrão cultural cristão, temas como o aborto, pena de morte, taxa de câmbio, produção de alimentos etc., devem sofrer um exame e ter uma resposta condicionada aos conceitos estabelecidos nas Escrituras. Ou seja, todos os empreendimentos de análise e mudança cultural devem ser considerados à luz de um princípio bíblico objetivo (1Pe 1.24-25).
Não se trata de uma imposição de crenças para os que não confessam o cristianismo, mas de pressupostos cosmovisionais norteadores. Afinal, qualquer cosmovisão partirá de pressupostos pré-teóricos e uma genuína cosmovisão cristã bíblica tem como pressuposto as normas de Deus, reveladas nas Sagradas Escrituras (Cl 3.16-17).
A aplicação dos princípios da Escritura no sistema de análise e mudança cultural cristão não pode ter uma motivação meramente proselitista, com o fim último de converter as outras pessoas ao cristianismo. Mas, deve apresentar nosso entendimento de que as Escrituras apresentam uma cosmovisão única, que trata a realidade existencial a partir do equilíbrio da relação teocêntrica que todas as coisas e seres possuem com o Criador (Sl 24.1). Essa relação equilibrada está em harmonia com todas as verdadeiras e sinceras aspirações de paz e progresso que a humanidade almeja e precisa (1Tm 2.1-3). Aproximar-se dos conceitos das Escrituras é aproximar-se do bem, afastar-se delas é caminhar para o mal (Sl 119.150-152).
C – Um trabalho conjunto e interdisciplinar
Evidentemente, a aplicação do sistema cosmovisional cristão bíblico a todas as áreas da vida implica em um trabalho conjunto e interdisciplinar. Ou seja, ele não poderá se limitar à teologia, filosofia, pedagogia ou educação e ficar distante da matemática, engenharia, arquitetura ou qualquer outra área. Todas as áreas do viver humano devem ser analisadas e restauradas segundo princípios bíblicos existenciais (1Co 10.31).
Esse trabalho conjunto e interdisciplinar consiste em um esforço de construir uma consciência cristã ativa, por meio de cada cristão consciente em sua área de atuação social (Fp 2.14-16). Consciência ativa é a aplicação dos princípios cosmovisionais cristãos bíblicos a todas as áreas do conhecimento e da produção cultural humana (Hb 2.14).
Essa resposta cristã para a cultura é uma obra redencional, com o objetivo de trazer ao mundo uma cultura que respeite a Deus, quer na produção industrial, na criação cinematográfica, literária, saúde, política, pedagogia, arquitetura etc. Afinal, Deus é o Senhor de todos e de tudo (Sl 24.1; 1Cr 29.12; Ef 1.22-23; Ap 19.16).
3 – Pregação evangelística e pregação cosmovisional
Ao qualificarmos a pregação como “evangelística” e “cosmovisional” não estamos propondo um antagonismo entre ambas, mas uma visão de complementaridade.
A pregação evangelística tem como principal função anunciar a salvação em Cristo Jesus, por meio do ensino da fé e do discipulado cristão (Mt 28.19-20). Ela objetiva o resgate do homem do Império das Trevas para o Reino do Filho, por meio do sacrifício expiatório de Cristo (Cl 1.13-14).
A pregação cosmovisional, por sua vez, tem a principal função de dar aos que foram transportados do Reino das Trevas para o Reino do Filho a missão de serem sal e luz do mundo em trevas (Mt 5.13-16). O objetivo dessa pregação é o crescimento da consciência e influência cristã no cuidado com o jardim de Deus (Mandato Cultural).
Essas duas ênfases da pregação do evangelho se unem no grande propósito de glorificar a Deus (1Co 10.3). Elas nascem da mesma fonte, têm o mesmo princípio norteador e devem ser complementares.
A – Uma mesma fonte – as Escrituras
“Depois que ouvistes a palavra da verdade...” (Ef 1.13). Para os escritores bíblicos, pregar o Evangelho é pregar a “palavra da verdade”. A verdade de Deus sobre si, o mundo, o homem e todas as coisas está registrada nas Escrituras (Jo 17.17).
A pregação que visa a conversão do homem (evangelística) tem o seu poder no fato de ser a verdade sobre a sua condição espiritual. A salvação é a aplicação dessas verdades ao coração do homem e ocorre por meio do instrumento da pregação da verdade (Rm 10.17).
A cosmovisão cristã nasce de um esforço da aplicação das verdades da Escritura para a realidade natural do homem. A pregação cosmovisional tem como principal tarefa trazer ao homem, cristão ou não, aos princípios vivenciais da verdade. Por isso, a pregação cosmovisional não pode ter outra fonte para sua elaboração filosófica sobre vida que não seja a Escritura (2Tm 3.16-17).  
B – Um mesmo princípio norteador - Cristocentricidade
O objetivo da pregação do evangelho sempre será a glória de Deus e este propósito é alcançado quando levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2Co 10.3-5).
A pregação da verdade incita a presença de Deus na consciência humana. Essa consciência é despertada para reconhecer a glória de Deus na mediação da obra de Cristo (2Co 4.1-6). Quanto mais o mundo viver sob os desígnios e princípios do Reino de Cristo, mais Deus será glorificado.
Conduzir a Igreja e o mundo a pensar a existência segundo as bases do Evangelho e conduzi-los a Cristo é o propósito de toda a pregação, quer seja evangelística, quer cosmovisional.
C – Complementaridade - coerência
É possível que, algumas vezes, a conduta dos cristãos não seja um reflexo de sua fé (Jd 4). A pregação que nos conquista para Cristo deve também nos conquistar para viver segundo o padrão de Cristo (Ef 5.8-10).
 A pregação cosmovisional é um complemento da pregação evangelística. Pois esta nos conduz à conversão e aquela à santificação. Elas se complementam na Igreja porque conduzem a Igreja a um viver coerente entre o crer e o realizar (Fp 2.15-16).
A coerência entre fé e prática faz com que a vida dos homens salvos sirva de modelo para todos os demais. Por isso, a complementaridade entre o que se crê para a salvação e os princípios norteadores da vida é tão nescessária (Mt 7.24-27; Tg 1.25).

Conclusão
A pregação do Evangelho é a resposta cristã à cultura secularista. Ela deve ser fruto de uma reflexão bíblica sobre a verdade da realidade teocêntrica de todas as coisas criadas e um retorno a este princípio de vida.
Devemos considerar urgente a pregação do evangelho em resposta ao fato de que o “jardim de Deus” está contaminado com uma mentalidade intrusa que distancia a Criação do seu Criador. Também devemos nos empenhar pela Verdade da Palavra de Deus por obediência àquele que nos chamou ao Reino do seu Filho, o qual exige de nós que sejamos luz do mundo e sal da terra.
Diante destas propostas bíblicas para a pregação, resta-nos aplicar essa pregação a todas as áreas da vida. Esse esforço tem o objetivo de trazer todo o pensamento cativo à obediência de Cristo, na busca de duas coisas principais: a salvação dos eleitos do Senhor e a restauração da sociedade humana aos padrões que honram a Deus.
Aplicação

Você é capaz de identificar, ao menos três áreas de atuação social nas quais gostaria de atuar com uma proposta cosmovisional cristã bíblica? Compartilhe com os seus colegas, quais essas áreas e como acredita que poderia agir.

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