Lição 1 – A Pessoalidade do
Espírito Santo
Texto base: 2 Coríntios 3.18
Objetivo desta lição
Nesta lição, desejamos que os
alunos saibam argumentar biblicamente em favor da pessoalidade do Espírito
Santo e compreendam as implicações da mesma.
Introdução
Não resta
nenhuma dúvida de que nos dias atuais existe uma grande confusão teológica
ligada ao tema “Pessoa e Obra do Espírito Santo”. O avanço do pentecostalismo e
principalmente a explosão do neopentecostalismo definiram uma demanda teológica
muitíssimo importante no cristianismo protestante: uma compreensão maior da “Pneumatologia”
(Estudo da Pessoa do Espírito Santo).
A
ênfase neopentecostal no “poder” do Espírito Santo, diminui a visão de sua
pessoalidade. Afinal, sua visão enfatiza fortemente os resultados da presença
do Espírito na Igreja e apaga a importância do próprio Espírito como pessoa. Sua
concepção do que é o “batismo com o Espírito Santo” está focada ao considerá-lo
apenas como o “poder de Deus” derramado sobre a igreja e omite os valores da
sua vontade e do relacionamento pessoal do crente com o Espírito.
Por outro lado,
a omissão do protestantismo histórico sobre o tema, produz uma certa ignorância
teológica sobre a pessoa e obra do Espírito Santo e isto desemboca no mesmo
problema que é a produção de um relacionamento pessoal apático e deficitário do
crente com o Espírito Santo.
Nas lições
deste trimestre procuraremos desenvolver uma conceituação bíblica da pessoa e
obra do Espírito Santo, buscando enfatizar a importância de um relacionamento
equilibrado e vivo do crente com o Espírito.
1 –
A Importância de Uma Visão Bíblica e Sadia da Pessoalidade do Espírito Santo
Somente
uma visão bíblica da pessoalidade do Espírito Santo nos proporcionará um
relacionamento adequado com Deus. Afinal, o Espírito Santo está no começo, meio
e fim da nossa nova em Cristo Jesus.
Sem
a obra do Espírito Santo e o seu agir em nosso coração, nosso relacionamento
com Deus é impossível, afinal somente podemos viver o relacionamento filial com
Deus, por meio do Espírito que habita em nós (Rm 8.14-16).
A – O Espírito Santo Como Fonte da Nova
Vida em Cristo
Muitas
são as razões para que nos importemos em ter um relacionamento pessoal com o
Espírito Santo. No entanto, a ênfase bíblica é que este relacionamento deve ser
profundo e abundante porque o Espírito Santo é o condutor da nova vida que
temos em Cristo.
O
Espírito Santo é responsável pelo surgimento de uma nova vida em nós (Tt 3.4-6;
Jo 3.5-6) e sem esta obra do Espírito não existe nenhum relacionamento filial
entre o homem e Deus (Rm 8.14-16). Portanto, dependemos da obra pessoal do
Espírito Santo e de sua vontade regeneradora para que tenhamos vida em Cristo
Jesus (1Co 12.3; 11).
B – O Espírito Santo Como Potencializador
da Nova Vida em Cristo
Nenhum
ser humano vivo permanece exatamente como era no dia do seu nascimento. Pelo
contrário, imediatamente após o seu nascimento já apresenta os sinais de um
desenvolvimento natural, ou seja, ela passa por processos de amadurecimento
biológico, intelectual, emocional etc.
Da
mesma forma, nossa nova vida em Cristo não pode se limitar apenas ao surgimento
do novo homem, mas carece de um desenvolvimento (1Co 3.1-2). Este
desenvolvimento é potencializado pelo Espirito Santo, quando passa a suprir
nossa mente com uma nova percepção sobre Deus e a vida (Jo 16.13).
Paulo
compreendeu que a presença do Espírito Santo na vida do crente não é estática,
mas dinâmica, isto é, ele não apenas cumpre a função de nos dar vida, mas nos
ajuda a desenvolvê-la e amadurecê-la para que nos tornemos mais santos e
habilitados para agradar a Deus (Rm 8.5-11).
C – O Espírito Santo Como Garantidor da
Nova Vida em Cristo
Um
outro aspecto que aponta para a importância da nossa relação pessoal com o
Espírito Santo é a obra que ele faz como selo ou garantidor da nossa nova vida
em Cristo (Ef 1.13-14).
Paulo
indica o Espírito como o “penhor” que garante que pertencemos a Deus até o fim.
Assim como no mundo antigo o selo garantia a autenticidade de uma carta e estabelecia
sua inviolabilidade, da mesma forma, a presença do Espírito Santo em nós é que
garante que pertencemos a Deus e nos protege nesta condição (Ef 4.30).
Assim,
o Espírito Santo é apresentado na Escritura como a fonte, o desenvolvimento e a
garantia da nossa vida em Cristo Jesus (2Co 3.17-18).
2 – Provas Bíblicas da Pessoalidade do
Espírito Santo
Alguns
elementos indicam a individualidade de uma pessoa, tais como, vontade,
sentimentos, pensamentos próprios, autodistinção etc. Estes elementos que
distinguem uma individualidade pessoal aparecem nas Escrituras relacionados com
o Espírito Santo. Veremos a seguir alguns destes elementos da pessoalidade do
Espírito conforme as Escrituras apresentam.
A – Distinção entre o Espírito e as demais
pessoas da Trindade
Logo
no início do relato bíblico da Criação, o Espírito Santo é apresentado em uma
atividade reguladora, sendo portanto, considerado distinto de Deus, compreendido
como a figura do Pai (Gn 1.2). Aqui, como em outros lugares, o Espírito é
chamado de “o Espírito de Deus” (Gn 41.38; Jó 33.4; 1Co 12.3) e isto claramente
indica a distinção entre a pessoa do Espírito e do Pai (Deus).
O
Espírito Santo também é chamado nas Escrituras de “o Espírito de Cristo” (1Pe
1.10-11; Gl 4.6). Desta forma, os textos bíblicos distinguem o Espírito Santo
da Segunda Pessoa da Trindade, o Filho.
Não
somente denominando-o de Espírito de Cristo, mas a Bíblia faz a distinção entre
o Filho e o Espírito, quando indica que o filho envia o Espírito (Jo 16.7).
B – O Espírito Santo tem sentimentos
pessoais
Algumas
vezes, as Escrituras se referem ao Espírito Santo enfatizando seus sentimentos pessoais.
Esta maneira de se dirigir ao Espírito mostra mais um componente de sua
pessoalidade real. Pois, uma mera energia, ou força não tem sentimentos.
Paulo
alerta sobre o fato de que podemos “entristecer” a pessoa do Espírito Santo (Ef
4.30) e o escritor aos Hebreus revela que ele pode se sentir ultrajado (Hb
10.29).
O
Espírito, por amor, percebendo nossa fraqueza, intercede por nós e expressa o
seu sentimento e urgência e necessidade a nosso respeito quando o faz com
gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
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