domingo, 11 de setembro de 2016

Família e Sociedade – Discutindo Sobre Aborto

Autoria: Prof. Diac. Marcelo Guadanholi

Introdução

Hoje iremos falar sobre a questão do aborto. 
O aborto está inserido na nossa sociedade, muitas mulheres tem se entregado a ele para interromper uma gravidez indesejável.
Os motivos para essa ação são muitos, alguns absolutamente absurdos, e outros aparentemente justificáveis. 
Talvez você já  se deparou com um caso de aborto com pessoas  mais próximas, no trabalho ou até mesmo dentro da família.

Como Cristãos, temos um ponto de partida para pensar as questões da vida. Esse ponto de partida é Deus.
É Ele quem nos redime, nos dá um novo coração e transforma a nossa mente.
Portanto, é com essa mente transformada, que devemos pensar as situações da vida. Hoje em especial sobre o aborto.

Estudo casos

Caso 1

Amanda é uma jovem apaixonada por animais. Essa paixão começou ainda quando criança, quando ganhou seu primeiro cachorrinho.
Desde então, Amanda almejava se tornar uma médica veterinária. 
Seus Pais não mediram esforços para realizar seu sonho, colocaram-na nas melhores escolas e cursinhos pré-vestibulares, para que sua amada filha pudesse ingressar no curso que sonhava.
No cursinho, Amanda conheceu Alex, um rapaz de 17 anos que se preparava para estudar engenharia.
Os dois se apaixonam e começam a namorar escondidos de seus pais. Pois Amanda sabia que seus pais não aprovariam um namoro em época de vestibular. Ela sabia que eles não queriam que nada viesse a atrapalhar sua concentração nos estudos.
Após prestarem o vestibular, Amanda e Alex foram aprovados.
Amanda e sua família ficaram muito felizes, era um sonho se realizando e uma perspectiva de uma carreira de sucesso.
Amanda e Alex terminam o namoro, pois não conseguiriam mantê-lo, já que agora estudariam em cidades diferentes.
Amanda estava triste, pois além de terminar um namoro, também estava deixando seus pais para morar em outra cidade, com pessoas que não conhecia.
Próximo de sua mudança, Amanda percebe que está grávida de Alex. 
Após comunicá-lo, recebe seu desprezo e a informação que ele não deixaria a possibilidade de um futuro brilhante, para cuidar de uma criança.
Amanda ficou desesperada, porque além do desprezo do pai da criança, também não tinha coragem para contar para seus pais. Não agüentaria ver a cara de decepção deles, por esconder o relacionamento com Alex, e por ver todo esforço que fizeram para mandá-la para a Universidade, ser jogado fora.
Além disso, Amanda também continuava com seu sonho, gostaria muito de poder se tornar uma veterinária e construir uma carreira de sucesso.
Uma criança nesse momento atrapalharia tudo.
Então Amanda, percebendo o transtorno que esta gravidez traria, opta por interrompe-la.

Caso 2

Andressa e Jefesson são casados a mais de dez anos. 
O casal vivia uma vida de conforto, desfrutando de sua ótima situação financeira.
Gostavam muito de viajar, sair para jantar e fazerem as coisas na hora que quisessem, sem a preocupação de filhos aguardando por eles quando voltassem para casa.
Apesar dos dez anos de casados, optaram por não terem filhos. Preferiam uma vida a dois com liberdade.
Além disso, Andressa era muito bonita e vaidosa. Estava sempre com a academia e salão de beleza em dia. Não queria nem pensar na possibilidade de uma gestação, onde veria seu corpo sofrer alterações, levando-a a uma insatisfação com sua aparência.
Aconteceu que, mesmo com tantos cuidados para não engravidar, ao voltarem de uma de suas viagens, o casal percebe que a paternidade não estava tão longe da vida deles. Andressa estava grávida.
Revoltados com a situação, e se culpando pela falha na prevenção, o casal não vê outra saída a não ser o aborto.


A forma de pensar a realidade.

Talvez você esteja pensando, que estes dois casos apresentados sobre o aborto, não são suficientes para defender a idéia contra ele. Porque eles não têm tantas justificativas para se cometer o ato.
Há casos muito mais graves, no qual poderíamos pensar que há uma justificativa para o aborto, um exemplo disso é quando uma mulher é estuprada.

Mas o que eu gostaria de chamar a atenção nestes dois casos apresentados, é a motivação pelo qual a decisão é tomada.

Nos dois casos, nossas personagens têm uma razão muito importante para interromper a gestação.

1 – Amanda não queria ver seu sonho de se tornar veterinária e ter uma carreira de sucesso, indo embora por causa da gestação.

2 – Andressa gostava da liberdade tinha, sem ter a preocupação de cuidar de filhos.
Também era vaidosa, não queria ver o seu corpo sofrer alterações.

Note que ambas as motivações, estão ligadas a ídolos do coração.
Jesus nos alerta sobre o mal que nosso coração produz. (Mateus 15: 19)
Elas pensam primeiro nelas. Pensam como serão prejudicadas se manterem a gestação e olham somente para os benefícios que teriam se a interrompessem.

Fica claro que o ponto de partida para viver a realidade não é Deus, mas sim os desejos do coração.

Mas olha onde tudo isso começa. O não partir de Deus para tomar decisões, mas partir do amor ao ego. Gêneses 3: 1-7
Percebendo que arvore lhes traria um conhecimento que até ao momento não tinham, e que poderiam ser igual a Deus no sentido de não serem mais sujeitos a Ele, mas passariam a decidir o que seria bom para eles. Em outras palavras, não é Deus quem decide o que é bom ou que não é bom para mim. Quem escolhe agora, sou eu. Eu tenho as minhas preferências.
Em (Deuteronônio 6: 5) Deus diz que devemos amá-lo de todo o nosso coração. 

Mas amamos mais outras coisas do que a Deus. É nisso que consiste o pecado. Desonrar a Deus, preferindo outras coisas em detrimento dEle e agindo em função dessas preferências.(John Piper)


Considerações importantes

A bíblia não diz com clareza “não abortarás”. Mas nos direciona a pensar a vida de acordo com a vontade de Deus. Ou seja, Deus deve ser o principio, o ponto de partida e referencia para se pensar qualquer coisa da nossa realidade. O aborto faz parte da nossa realidade e está presente na nossa sociedade. Mas como pensamos acerca dele? De acordo com os mesmo pensamentos de um mundo caído? Ou com uma mente transformada que tem como o ponto de partida Deus?
O Reverendo Ageu Cirilo, nos mostra algumas considerações que nos ajudam a pensar no aborto partindo do que a palavra de Deus nos ensina.


1º A Sacralidade da Vida

A vida humana é sagrada. Não pertence a nós, pertence ao Criador. Deus fez homem e mulher de modo singular, diferente do restante da criação. Primeiro, soprando em suas narinas o fôlego da vida (Gn 2.7). Nenhum animal teve este privilégio.

Deus criou homem e mulher à sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Os animais foram criados “segundo a sua espécie”, todos de uma só vez. Já o ser humano foi uma criação única, à imagem e semelhança do Criador. No momento da criação do homem a Trindade se reúne e delibera (no plural): Façamos o homem à nossa imagem. 

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1.26,27

“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3.9

Repare em Gênesis 9.6 o motivo pelo qual nós não podemos tirar a vida de alguém: “porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”. Por isso, não podemos tirar a vida do próximo. Atentar contra a vida do meu semelhante é, em primeira instância, atentar contra Deus, pois o meu próximo carrega consigo a imagem e a  semelhança do Criador.

Por consequência, quando um aborto é realizado, a vítima do assassinato é uma criança que traz em si a imagem e semelhança de Deus. Isso é sério.


2º A Antiguidade da Vida

Este assunto sempre suscita a pergunta: Quando começa a vida? A ciência não tem uma resposta consensual. Há aqueles que admitem começar na fecundação; há os que apontam para o período entre o 7º e o 10º dia, quando ocorre a fixação do óvulo fecundado no útero; há os que defendem começar na 3ª semana de gestação, quando o embrião pode se dividir dando origem a outros indivíduos e, por fim, há os que marcam o início da vida somente após a 8ª semana de gravidez, com o início da atividade cerebral.

Neste assunto, o referencial mais seguro é a Palavra de Deus. Nela nós temos evidências de que a vida começa na fecundação. Veja os textos abaixo que mostram vida já no ventre das mães:

Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações. Jeremias 1.5

“Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.” Lucas 1.15

Repare que os textos não deixam dúvida de que a vida começa no ventre materno. Portanto, pílulas do dia seguinte ou qualquer outro método abortivo atentam contra uma vida que já está presente, conhecida e criada por Deus.


3. Risco de morte da mãe.

Creio que esta seja a única possibilidade de um cristão verdadeiro concordar com o aborto. Todavia, os casos desta natureza são raríssimos hoje em dia, por conta do avanço da medicina.

A medicina atual já tem condições de retirar, de forma prematura, o feto que oferece risco à vida da mãe e dar a ele boas condições de sobrevivência. Em 2009, em Pernambuco, uma menina de 9 anos de idade ficou grávida e, imediatamente, as autoridades médicas da região indicaram e promoveram o aborto dos gêmeos de 4 meses de vida que estavam no ventre da menina. A alegação era de que a menina gestante corria risco de morrer por ter apenas 9 anos de idade. Se eles tivessem pesquisado um pouco antes de assassinar os gêmeos indefesos teriam descoberto a história da peruana Lina Medina que deu à luz ao seu primeiro filho aos 5 anos de idade e isso em 1939. Há registros de muitas outras meninas de 8, 9 e 10 anos, em situações semelhantes, que não abortaram e não morreram.




4. Gestação proveniente de estupro.

O movimento feminista insiste que a mulher é dona do seu próprio corpo e que tem total direito sobre ele. Isso lhe dá total direito ao aborto, principalmente, no caso de um estupro. A cristã verdadeira saberá que, primeiro, o corpo não pertence a nós. O corpo e a vida são propriedades de Deus. Eis a razão porque o suicídio é um pecado (e crime em alguns países).

Mesmo na situação crítica de um estupro, a mãe não tem o direito de assassinar a criança inocente que não tem culpa alguma do ato violento sofrido pela mãe. Em casos assim, o melhor caminho é dar prosseguimento à gravidez, cuidando desta mãe e, se no nascimento da criança ela não tiver condições de cuidar deste filho, submetê-lo a alguém que queira cuidar.
           
Sei que as feministas que leem este texto devem estar revoltadas dizendo: Mas e a vida da mulher que foi estuprada? Ela não tem direitos? Como ela vai viver com esta dor? Ora, a resposta é que uma dor emocional é menor que um assassinato. Ambos são difíceis, mas assassinar uma criança inocente nunca será o caminho.

Cuidemos do trauma emocional da mãe, vítima de um estupro, mas não cometamos um mal ainda maior que é assassinar uma criança que não tem nada a ver com este mundo violento.


Conclusão

O aborto está presente na nossa realidade. Lembre-se, nosso ponto de partida para lidarmos com ele ou qualquer situação, é Deus. 
Não podemos pensar de acordo com as nossas preferências, porque muitas vezes as nossas preferências não agradam ao Senhor. Aliás, sempre que nossa preferência não for o Senhor o entristecêssemos. 

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