domingo, 5 de março de 2017

Aula 3 - Prolegomenos - A Doutrina da Inspiração Bíblica e o Testemunho Interno do Espírito

AULA 03
A Doutrina da Inspiração Bíblica
O Testemunho Interno da Escritura


Introdução
Na aula passada, investigamos os valores e as implicações da sobrenaturalidade da Revelação Especial. O ponto que destacamos deste aprendizado é a unidade que há entre os aspectos naturais e sobrenaturais da realidade. Ou seja, devemos considerar que vivemos e nos movemos no meio natural, revestido pela presença e agir sobrenatural de Deus entre nós.
Esta unidade entre naturalidade e sobrenaturalidade é principalmente exemplificada na pessoa de Jesus, o ponto alto da revelação de Deus. Nele, no Homem-Deus, natural e sobrenatural se unem para abrir a porta do entendimento de toda a realidade centrada em Deus, na pessoa de Jesus.
O efeito mais importante da sobrenaturalidade da Revelação Especial de Deus é que ela, embora seja um produto do agir humano, isto é, foi escrita por homens, sua origem é divina, por meio do ato inspirador.
Nesta aula, nosso propósito é apresentar o mecanismo da Inspiração das Escrituras, o testemunho interno das Escrituras sobre sua Inspiração e a avaliar a importância disto para a construção de nossa fé e relacionamento com Deus.

O Sopro de Deus Para a Revelação
O apóstolo Paulo usou uma palavra composta para se referir à inspiração das Escrituras e indicar sua origem divina. O texto de 2Timóteo 3.16, tem uma peculiaridade, o que a Teologia chama tecnicamente de “Hapax Legomena” (uma palavra utilizada somente uma vez no texto bíblico).

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça (2Timóteo 3.16).

A “hápax legomena” deste verso é a palavra grega “Theopneutos” (inspirada por Deus). Essa expressão indica a origem divina da Escritura, sendo ela um resultado o respirar de Deus, ou expirar de Deus para o homem.
O que Paulo deseja que Timóteo compreenda é que a vida cristã é um resultado direto da vontade de Deus apontando para o homem o caminho por meio de sua Palavra. Timóteo deveria confiar nas instruções, exortações, correções e todos os conselhos da Palavra nascida de Deus.

Toda a Escritura é Inspirada
O outro ponto que devemos destacar na percepção de Paulo é que ele compreendia que todo o texto, ou o “graphê” (registro) é resultado deste respirar de Deus ao homem. Paulo desejou que Timóteo confiasse em todo o registro da Escritura e depositasse nele sua esperança de viver para agradar a Deus.
Neste ponto, o que a doutrina da inspiração aponta é que o texto bíblico é totalmente uma obra de origem divina, trazida à realidade natural por meio da instrumentalidade dos homens que ele escolheu para esta tarefa. Pedro corrobora essa visão em sua instrução à sofrida igreja de seus dias.
Sabendo primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação, porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.20-21).
Quando tomavam o texto bíblico em suas mãos (Antigo Testamento), os apóstolos sabiam que estavam lidando com um registro inspirado. No entanto, sabiam que também estavam vivendo um momento especial da Revelação, porque, intuíram que também eles estavam sendo usados para falar da parte de Deus. Veja como Pedro equipara as cartas de Paulo aos Escritos dos profetas, ou “demais Escrituras”.
E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles (2Pedro 3.15-16). 
Por isso é que consideravam que a Igreja estava estabelecida a partir de dois pilares: o fundamento dos profetas e dos apóstolos. Neste sentido, sabiam que estavam sendo usados para anunciar a Palavra de Deus, uma vez que agora, falavam aos homens o que Jesus lhes ensinara.
Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar por lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos (2Pedro 3.1-2). 
Por isso, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são aquilo que Paulo chamou de “Toda a Escritura” e deve ser recebido como o texto inspirado, soprado por Deus para seu povo.

As Evidências Externas da Inspiração
As evidências externas da Inspiração são aqueles elementos que constroem a credibilidade das Escrituras. Em geral, se recorre aos achados arqueológicos para comprovar a antiguidade das Escrituras, mas as evidências da inspiração bíblica são aqueles fatos que, uma vez, anunciados nas Escrituras, vieram a se tornar realidade.
As profecias, por exemplo, muitas delas, anunciaram a chegada de Cristo Jesus, muito antes dele nascer e os fatos publicados pela Palavra de Deus não falharam, assim as Escrituras recebiam a credibilidade como Palavra Inspirada por Deus, por jamais falharem.
Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu (Josué 21.45). 
A evidência do cumprimento da Palavra de Deus anunciada é a grande evidência externa do texto bíblico. Mas, devemos considerar também o valor que há na grande coesão da história contada nas Escrituras.
Quando notamos que a Bíblia se encaixa em um enredo de Criação-Queda-Redenção e que seus textos se unem formando um todo harmônico apesar de ter sido escrito por autores diferentes, em diferentes condições e épocas, só é possível considerar que há uma mente por detrás deste processo, conduzindo todas as coisas.

O Testemunho Interno do Espírito Santo
O Espírito Santo é o responsável pela ação inspirativa do texto bíblico original. Mas também é o responsável por fazer com que o crente e somente o crente, tenha o discernimento da verdade da Palavra de Deus. A este discernimento especial da parte do Espírito Santo, denominamos “Testemunho Interno do Espírito Santo”.
O próprio espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8.16).
Este agir interno do Espírito Santo nos faz perceber e apreender o texto bíblico com a convicção de estar diante da verdade. Os apóstolos compreendiam que o Espírito é quem nos convence da verdade.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8).
Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir (João 16.13).
Para muitas pessoas, a veracidade das Escrituras e sua inspiração seria melhor comprovada por fatos ou evidências externas, pois estas têm a característica mais empírica ou científica. Entretanto, o testemunho que realmente faz diferença na nossa relação com o texto inspirado é aquele que é produzido dentro do ambiente da sobrenaturalidade da Palavra de Deus, quando é aplicada ao nosso coração por meio da obra do Espírito Santo.


Conclusão

Terminamos esta aula com a noção da importância da Inspiração Bíblica para que nossa fé seja fortalecida em confiança e exclusividade de apoio no que a Escritura fala. Também consideramos que esta convicção se fortalece por meio da obra do Espírito Santo agindo em nós, quando nos guia a confiar no que estamos lendo, como sendo Palavra do próprio Deus. 

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