AULA
03
A
Doutrina da Inspiração Bíblica
O
Testemunho Interno da Escritura
Introdução
Na aula passada, investigamos os valores e as implicações da
sobrenaturalidade da Revelação Especial. O ponto que destacamos deste
aprendizado é a unidade que há entre os aspectos naturais e sobrenaturais da
realidade. Ou seja, devemos considerar que vivemos e nos movemos no meio
natural, revestido pela presença e agir sobrenatural de Deus entre nós.
Esta unidade entre naturalidade e sobrenaturalidade é
principalmente exemplificada na pessoa de Jesus, o ponto alto da revelação de
Deus. Nele, no Homem-Deus, natural e sobrenatural se unem para abrir a porta do
entendimento de toda a realidade centrada em Deus, na pessoa de Jesus.
O efeito mais importante da sobrenaturalidade da Revelação
Especial de Deus é que ela, embora seja um produto do agir humano, isto é, foi
escrita por homens, sua origem é divina, por meio do ato inspirador.
Nesta aula, nosso propósito é apresentar o mecanismo da
Inspiração das Escrituras, o testemunho interno das Escrituras sobre sua
Inspiração e a avaliar a importância disto para a construção de nossa fé e
relacionamento com Deus.
O Sopro de Deus Para a Revelação
O apóstolo Paulo usou uma palavra composta para se referir à
inspiração das Escrituras e indicar sua origem divina. O texto de 2Timóteo
3.16, tem uma peculiaridade, o que a Teologia chama tecnicamente de “Hapax
Legomena” (uma palavra utilizada somente uma vez no texto bíblico).
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça (2Timóteo 3.16).
A “hápax legomena” deste verso é a palavra grega “Theopneutos”
(inspirada por Deus). Essa expressão indica a origem divina da Escritura, sendo
ela um resultado o respirar de Deus, ou expirar de Deus para o homem.
O que Paulo deseja que Timóteo compreenda é que a vida
cristã é um resultado direto da vontade de Deus apontando para o homem o
caminho por meio de sua Palavra. Timóteo deveria confiar nas instruções,
exortações, correções e todos os conselhos da Palavra nascida de Deus.
Toda a Escritura é Inspirada
O outro ponto que devemos destacar na percepção de Paulo é
que ele compreendia que todo o texto, ou o “graphê” (registro) é resultado
deste respirar de Deus ao homem. Paulo desejou que Timóteo confiasse em todo o
registro da Escritura e depositasse nele sua esperança de viver para agradar a
Deus.
Neste ponto, o que a doutrina da inspiração aponta é que o
texto bíblico é totalmente uma obra de origem divina, trazida à realidade natural
por meio da instrumentalidade dos homens que ele escolheu para esta tarefa. Pedro
corrobora essa visão em sua instrução à sofrida igreja de seus dias.
Sabendo primeiramente, isto: que nenhuma
profecia da Escritura provém de particular elucidação, porque nunca
jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos]
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1.20-21).
Quando tomavam o texto bíblico em suas mãos (Antigo
Testamento), os apóstolos sabiam que estavam lidando com um registro inspirado.
No entanto, sabiam que também estavam vivendo um momento especial da Revelação,
porque, intuíram que também eles estavam sendo usados para falar da parte de Deus.
Veja como Pedro equipara as cartas de Paulo aos Escritos dos profetas, ou “demais
Escrituras”.
E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes
assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há
certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam,
como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles
(2Pedro 3.15-16).
Por isso é que consideravam que a Igreja estava estabelecida
a partir de dois pilares: o fundamento dos profetas e dos apóstolos. Neste
sentido, sabiam que estavam sendo usados para anunciar a Palavra de Deus, uma
vez que agora, falavam aos homens o que Jesus lhes ensinara.
Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em
ambas, procuro despertar por lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos
recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos (2Pedro 3.1-2).
Por isso, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são aquilo
que Paulo chamou de “Toda a Escritura” e deve ser recebido como o texto
inspirado, soprado por Deus para seu povo.
As Evidências Externas da Inspiração
As evidências externas da
Inspiração são aqueles elementos que constroem a credibilidade das Escrituras.
Em geral, se recorre aos achados arqueológicos para comprovar a antiguidade das
Escrituras, mas as evidências da inspiração bíblica são aqueles fatos que, uma
vez, anunciados nas Escrituras, vieram a se tornar realidade.
As profecias, por exemplo, muitas
delas, anunciaram a chegada de Cristo Jesus, muito antes dele nascer e os fatos
publicados pela Palavra de Deus não falharam, assim as Escrituras recebiam a
credibilidade como Palavra Inspirada por Deus, por jamais falharem.
Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o
SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu (Josué 21.45).
A evidência do cumprimento da
Palavra de Deus anunciada é a grande evidência externa do texto bíblico. Mas,
devemos considerar também o valor que há na grande coesão da história contada nas
Escrituras.
Quando notamos que a Bíblia se
encaixa em um enredo de Criação-Queda-Redenção e que seus textos se unem
formando um todo harmônico apesar de ter sido escrito por autores diferentes,
em diferentes condições e épocas, só é possível considerar que há uma mente por
detrás deste processo, conduzindo todas as coisas.
O Testemunho
Interno do Espírito Santo
O Espírito Santo é o responsável pela
ação inspirativa do texto bíblico original. Mas também é o responsável por
fazer com que o crente e somente o crente, tenha o discernimento da verdade da
Palavra de Deus. A este discernimento especial da parte do Espírito Santo,
denominamos “Testemunho Interno do Espírito Santo”.
O
próprio espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus (Romanos 8.16).
Este agir interno do Espírito Santo
nos faz perceber e apreender o texto bíblico com a convicção de estar diante da
verdade. Os apóstolos compreendiam que o Espírito é quem nos convence da
verdade.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo
(João 16.8).
Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a
toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir (João 16.13).
Para muitas pessoas, a veracidade
das Escrituras e sua inspiração seria melhor comprovada por fatos ou evidências
externas, pois estas têm a característica mais empírica ou científica.
Entretanto, o testemunho que realmente faz diferença na nossa relação com o
texto inspirado é aquele que é produzido dentro do ambiente da
sobrenaturalidade da Palavra de Deus, quando é aplicada ao nosso coração por
meio da obra do Espírito Santo.
Conclusão
Terminamos esta aula com a noção da importância da
Inspiração Bíblica para que nossa fé seja fortalecida em confiança e
exclusividade de apoio no que a Escritura fala. Também consideramos que esta
convicção se fortalece por meio da obra do Espírito Santo agindo em nós, quando
nos guia a confiar no que estamos lendo, como sendo Palavra do próprio Deus.
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