sábado, 24 de junho de 2017

Apocalipse - Aula 7 - As Sete Trombetas

As Sete Trombetas


A seção das Sete Trombetas deve ser vista à luz da seção anterior, os Sete Selos. Na verdade, as Sete Trombetas são um desenvolvimento do Sétimo Selo, uma espécie de zoom nos acontecimentos iniciados na abertura do Sétimo Selo.
As Sete Trombetas, portanto, devem ser vistas no contexto da contagem regressiva para o final de todas as coisas, como os acontecimentos mais próximos do último período da presente era.
Elas são os juízos de Deus derramados sobre o mundo e são divididas em dois grupos, as quatro primeiras e as três últimas. Essa distinção parece apontar para a natureza dos acontecimentos e dos juízos, porque as quatro primeiras apontam para juízos sobre o mundo físico e as três últimas afetam diretamente os homens na sua percepção emocional e espiritual da vida.
Quanto à estrutura desta seção, temos também uma pausa na última trombeta, que parece indicar para uma espécie de novo clímax. Do mesmo jeito que o sétimo sêlo foi apresentado como um clímax e deu lugar às trombetas, a sétima trombeta, parece oferecer o espaço para a entrada de uma nova etapa, introduzida pela história do Dragão e do Filho (Cristo) e a chegada dos sete flagelos, introduzidos pelas quatro vozes.

As Orações dos Santos e as Trombetas

Neste primeiro momento, o que precisamos destacar é o papel da seção de abertura do texto, o momento do silêncio que toma a cena total do céu.
Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro anjo e ficou em pé junto ao altar, com um incensário de outro, e foi-lhe dado muito incenso para oferece-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de outro que se acham diante do trono e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar (Ap 8.1-6).
Como já vimos em aulas anteriores, o uso de passagens e figuras do Velho Testamento são muito frequentes no Apocalipse. Neste caso, podemos nos valer de como os profetas anunciavam o silêncio como um prenúncio do juízo de Deus:
O Senhor, porém, está no seu santo templo, cale-se diante dele toda a terra (Hc 2.20).Cala-te diante do Senhor Deus, porque o Dia do Senhor está perto (Sf 1.7).
Este silêncio, prenuncio do juízo, também dá espaço a uma imagem de muito significado, a chegada das orações incensadas dos santos. Esta cena, a que João dá especial atenção, aponta para uma realidade que deve ser seriamente considerada sobre a relação de Deus com o seu povo. Isto é, precisamos notar que a resposta do juízo de Deus contra os inimigos da igreja, quer Ele que consideremos, é um resultado de nossas orações piedosas e do clamor que erguemos aos céus, durante os dias de nossas maiores dificuldades na presente era.
O incenso que é apresentado é uma representação de como, por meio de suas intercessões, purifica nossa vida de oração, isto é, nossas vida de oração ainda imperfeita é santificada diante do altar de Deus, por meio, da ação santificadora de Cristo, nosso sumo sacerdote, representado aqui pelo anjo que toma a taça de ouro e o incenso diante do Trono de Deus.
Outro aspecto importante desta relação dos santos com Deus, por meio das orações é que elas são ouvidas no Trono de Deus. OU seja, todas aquelas noites de oração, as lágrimas que derramamos em nossas preces, os lamentos da nossa alma, nos jejuns e todos estes momentos de nossa devoção, entrega e piedosa busca, são respondidas diretamente por Deus.

As Quatro Primeiras Trombetas

Uma das características que unificam essas quatro primeiras trombetas é a sua natureza material do alvo da ira de Deus.
Trombeta
Juízo
Alvo
Primeira
Fogo e Saraiva com sangue
Mundo vegetal
Segunda
Chamas ao mar
Vida marinha
Terceira
Estrela Absinto
Vida nos rios
Quarta
Trevas
Astros

Uma das ênfases destes textos é que a destruição produzida pelos atos de juízo sempre atinge a “terça parte” dos diversos alvos. O significado desta descrição, possivelmente seja pela limitação da área, ou seja, Deus derrama o seu juízo e ele ainda não é final, mas mostra que Deus caminha para o derramar final do cálice de sua ira.
O mundo material é fortemente atingido e não somente a humanidade é alvo da ira de Deus. O que temos, portanto, é Deus revelando sua completa insatisfação com os homens e permitindo que seus atos de juízo sejam uma espécie de alerta sobre o controle dEle sobre todas as coisas e seu desagrado com os homens.
Com certeza, o alvo final dos atos de juízo é a humanidade. Por isso, a transição entre a quarta e a quinta trombeta inclui uma mensagem de alerta para os homens que vivem na terra.
Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai, ai, ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar (Ap 8.13).
A figura da águia é acentuada pela sua força de rapina. Ela se ergue e faz a sua voz ser ouvida em todos os cantos da terra e a sua mensagem de alerta é um clamor com a finalidade de fazer os homens se arrependerem, é a mensagem central do Evangelho. No entanto, a impenitência é a marca do mundo incrédulo.

As Três Últimas Trombetas

Essas três últimas trombetas têm como alvo os inimigos de Deus. Estes inimigos serão fustigados pela guerra e pela malignidade dos próprios homens.
Trombeta
Juízo
Alvo
Quinta
Gafanhotos do abismo
Tormentos dos homens
Sexta
Quatro anjos malignos
Guerra e morte
Intervalo
O Santuário e as Testemunhas

Sétima
A arca da aliança
Os flagelos finais

A abertura do poço do abismo e a libertação dos servos de Abandon ou Apolion é uma clara noção de que a malignidade dos últimos tempos será muito maior. O tempo da grande tribulação também será marcada por ser o período de uma libertação final de Satanás e o surgimento do anticristo e o homem da iniquidade.
Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição (...) Então, será, de fato, revelado o iníquo a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação da sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira (2Ts 2.3-9).
Essa malignidade se materializa, principalmente nas guerras que efetuadas a partir da sexta trombeta. Essas guerras, pela magnitude dos exércitos e o seu poder destruidor são uma espécie de momento singular de malignidade e ferocidade. Toda a terra sofrerá e o objetivo deste sofrimento era o arrependimento que jamais acontecerá.
Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número dos exércitos de cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares, eu ouvi o seu número (Ap 9.15-16).
Os outros homens, aqueles que não foram mortos por estes flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar, nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos (Ap 9.20-21).
Estas três últimas trombetas, portanto, são uma descrição mais próxima do tempo da malignidade que marcará os últimos dias. Entre a sexta e a sétima trombeta, temos uma descrição que é importante que separemos espaço para falar dela.
A sétima trombeta é o ponto de clímax que se abre para os flagelos que iremos descrever na próxima aula. Por isso, não vamos falar muito sobre esta trombeta. Vale destacar apenas que esta trombeta será iniciada pela Arca da Aliança de Deus que estava escondida no céu. Ou seja, ela é uma clara resposta final da obra redentora de Cristo, simbolizada no sangue da propiciação que é lembrado nas orações incensadas e santificadas no santuário de Deus.

O Santuário e as Testemunhas Mártires

O capítulo 10 abre com uma visão de um anjo gigante, este é o sentido de “anjo forte”. Ele era impressionantemente grande e sua descrição apontava para ele como uma figura excepcional.
Vi, outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco íris por cima de sua cabeça, o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; tendo na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra (Ap 10.1-2).
Essa descrição aproxima-se muito da descrição do próprio Jesus no capitulo inicial. Entretanto, o que temos é o destaque para um livro e este livro recebe atenção especial. Da mesma forma que o profeta Ezequiel é chamado a comer o livro e o gosto do mesmo é sentido pelo profeta, aqui, novamente, essa figura do Velho Testamento é usada para nos levar à clara conexão com a Escritura.
Fui, pois, o anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: toma-o e devora-o, certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel (...) Então, me disseram: é necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis (Ap 10.9-11).
Este ápice e este novo zoom dado ao texto tem como propósito apontar para a Escritura e como ela deve ser usada pelo povo de Deus. Devemos perceber que tudo isto está acontecendo na visão que aconteceu dentro do céu, mas deveria ser compreendido como uma ação que sempre tem consequências na vida material do povo de Deus.
Portanto, o que temos a seguir é exatamente uma descrição da Igreja que luta na terra, a qual foi medida, do mesmo modo como o texto do profeta Zacarias indica que a igreja seria medida.
Foi me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram (Ap 11.1).
Estas figuras, apontam para a visão da Igreja e para a sua santidade. Esta linguagem sobre a figura da igreja apontam para o oposto do que está acontecendo no mundo maligno, isto é, enquanto naquele a incredulidade aumenta, na igreja o que se espera é a crescente santificação.
Essa santificação será lapidada pelas testemunhas que serão martirizadas. Bem, em resumo, o que podemos compreender sobre estas figuras é que elas podem ser uma representação do agir profético e proclamador da Igreja, na pregação do Evangelho.
Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco (Ap 11.3).
Claro que estas figuras são enigmáticas e pouco sabemos sobre elas. Em geral, imaginamos que se tratam das pessoas de Elias e Enoque, os homens que não morreram e voltariam para a terra, em uma espécie de testemunho especial até serem finalmente mortos e ressuscitados, conforme os versos 9-11.
No entanto, podemos seguir o que interpretou Willian Hendriksen e imaginar que esta descrição seja figurada para falar da igreja que prega a palavra, o Velho e o Novo Testamento e que muitas vezes é dada como morta para o mundo, mas que sempre ressurge para testemunho da verdade.

A Sétima Trombeta – O Canto da Vitória

Já apontamos para a sétima trombeta como um clímax que abre o parênteses descritivo focado nos sete flagelos. Mas devemos dizer também que a sétima trombeta é também um canto de vitória.
O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: o Reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
Os anciãos que se acham diante de Deus se prostram novamente e cantam ao Cordeiro e rendem graças a Deus pela vitória do Rei e a chegada do tempo do fim:
Graças te damos, Senhor Deus, Todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, os santos e aos que temem o teu nome, assim, aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra (Ap 11.17-18).
Essa declaração se encerra com a abertura do céu e a visão da Arca da Aliança, uma clara visão do pacto de Deus com o seu povo, promessa esta feita à Abrão e ratificada em Moisés, Davi e Cristo Jesus.

Conclusão

Esta seção do livro de Apocalipse, portanto, é uma seção que aponta para o fato de que Deus, em resposta às orações de seu povo e de acordo com a sua Palavra e Aliança, irá se levantar do céu, finalmente para fazer vingança aos seus filhos e trazer juízo contra os inimigos de Cristo e da Igreja.
Precisamos destacar que esta visão aponta para o modo como a malignidade irá crescer nos últimos dias e como também a igreja deverá se santificar para estes dias. OU seja, o que todo crente precisa trabalhar na sua vida com Cristo é confiança e santidade.

Tudo isto é controlado a partir do Trono e das ordens do Cordeiro de Deus que está assentado no Trono e tem as igrejas em suas mãos. Um aspecto importante da vida da igreja está ligada à sua fidelidade ao livro e às profecias que nele estão contidas. Este é um dos pontos centrais do livro de Apocalipse: quem tem ouvidos para ouvir, ouça e não despreze as palavras da profecia.

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