Aula 01
O Que é e Para Que Serve Uma
Confissão de Fé?
Introdução
Este módulo de aulas tem como
objetivo um estudo básico da Confissão de Fé de Westminster. Nosso principal
objetivo é entender a sua necessidade e aplicabilidade para o dia a dia da vida
cristã, em particular para o desenvolvimento correto e seguro de uma piedosa
vida cristã.
A Igreja Presbiteriana do
Brasil - IPB adota a Confissão de Fé de Westminster e os seus Catecismos como
fórmula doutrinária. Isto significa que estes documentos são resumos e
parâmetros da fé professada na IPB. Mas, em geral, há um grande distanciamento
entre o crente e estes símbolos de fé, a ponto de muitas vezes, serem
completamente desconhecidos e terem desaparecido da vida diária cristã, mesmo
dos crentes que os reafirmam como resumos fiéis da doutrina bíblica.
Em nosso curso, pretendemos
apresentar a Confissão de Fé de Westminster e dar direcionamento prático para o
seu uso como ferramenta para o desenvolvimento da vida cristã pessoal e
familiar. Esperamos que ao final do curso, o aluno tenha condições de usar a
Confissão de Fé de Westminster pessoalmente como guia de estudos para sua prática
comum da vida com Deus e tenha apreço por conhece-la e aplicar suas formulas
doutrinárias para o enriquecimento de seu conhecimento bíblico.
A Confissão de Fé Não Substitui as
Escrituras
A Bíblia, toda a Bíblia e nada senão a Bíblia é a religião dos protestantes.
O lema central da Reforma é
centralidade das Escrituras como a única regra de fé e prática. Em outras
palavras, os reformados em geral jamais desejaram fazer de qualquer Confissão
de Fé um substituto para as Escrituras.
A Bíblia é a Palavra de Deus
revelada ao homem, portanto, cremos que as Escrituras são insubstituíveis e
possuem autoridade intrínseca, isto é, em si mesmas. A Bíblia não precisa da
igreja para lhe conferir autoridade, ao contrário, a Igreja precisa da Biblia
para ter legitimidade. A crença cristã reformada é que a Bíblia é absoluta em
suas afirmações e o trabalho da Igreja é buscar compreender as Escrituras.
As Confissões de Fé, por sua
sua vez, são uma exposição das doutrinas apresentadas nas Escrituras. Portanto,
a autoridade de uma Confissão de Fé é derivada das Escrituras. Enquanto a
Bíblia é uma “norma que regula” (Norma Normans), as confissões são “normas
reguladas” (Norma Normata). Desta forma, as Confissões devem ser consideradas
de forma a poderem ser revistas, por serem apenas uma interpretação da
verdadeira doutrina bíblica.
A Necessidade de se Ter Uma Confissão
de Fé
A Bíblia é a mãe de todas as heresias (Martinho Lutero).
Inibição de Erros Doutrinários
Assim como Lutero se levantou
em 1517 contra várias práticas cristãs que distorciam o ensinam bíblico e
maculavam a forma da piedade cristã, os séculos seguintes de interpretação bíblica
das igrejas que derivaram da Reforma também geraram suas heresias e desvios próprios.
As Confissões de Fé seguiram o
mesmo propósito dos Credos Antigos e das formulações dos Antigos Concílios, ou
seja, elas ofereciam fórmulas de unidade de pensamento a respeito da correta
interpretação das Escrituras sobre diversos pontos.
Nos primeiros séculos do
cristianismo, várias heresias se fizeram presentes na igreja. Havia, por
exemplo, pessoas que aceitavam que Jesus fosse considerado apenas divino, sem
ter corpo humano. Os docetistas (dokéu – aparência) diziam que o corpo de
Cristo não era realmente um corpo humano, porque a matéria é má e Cristo não
poderia ser associado à maldade. Eles, então, afirmavam que Cristo tinha um
corpo semelhante ao corpo humano, mas não um corpo humano real.
Os concílios de Nicéia e
Constantinopla deram fim a essa controvérsia e outra afirmando que Cristo era
totalmente homem e totalmente Deus. Afirmando o nascimento virginal de Cristo e
sua completa humanidade. Desta forma, a crença docética foi considerada um erro
doutrinária e quem a professava considerado um não cristão.
As Confissões de Fé têm a mesma
funcionalidade, isto é, servir como um padrão doutrinário, oferecendo
interpretação segura sobre alguns aspectos do ensinamento bíblico,
especialmente aqueles em que há possibilidade de erros na compreensão do ensino
apresentado no texto da Escritura.
Promoção da Unidade
Uma das funcionalidades mais
práticas das Confissões de Fé é a promoção da unidade doutrinária. Ela nos
permite afirmar as mesmas coisas e dá coesão à igreja e isso lhe dá força.
Um dos grandes problemas
enfrentados pelos reformados ingleses era a grande fragmentação das igrejas da
Inglaterra. A Assembleia de Westminster foi convocada para ser um elemento de
união e fortalecimento da Igreja naquele país.
Uma confissão de fé promove
essa aproximação doutrinária e diminui as divergências. Ela estabelece padrões
de interpretação e limites, fazendo com que as divergência tenham referências
limítrofes e não haja dentro do mesmo grupo pensamentos tão díspares a ponto de
estarem tão opostos que não consigam se aproximar para caminhar juntos.
Proteção da Fé
A confessionalidade
eclesiástica é uma proteção contra o erro. Na medida em que ela estabelece
limites interpretativos para os crentes, também oferece ponto de comparação
explícito que facilita a identificação dos erros. Um cristão confessional tem
uma ferramenta para estabelecer consideração sobre o que está ouvindo e pode,
por meio da Confissão de Fé, questionar a correção de qualquer ensino que seja
dispare e estranho.
Na verdade, este é o propósito
da própria Escritura. Afinal, o texto bíblico é um constante apelo a que não se
ultrapasse a doutrina.
Irmãos, apliquei essas coisas a mim e a Apolo por amor a vocês, para que aprendam de nós o que significa: “não ultrapassem o que está escrito”. Assim, ninguém se orgulhe a favor de um homem em detrimento de outro (1Coríntios 4.6).
Desta forma, os cristãos criam
no que chamavam de “ensino dos apóstolos” e qualquer um que ensinasse qualquer
coisa além deveria ser considerado apóstata.
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema (Gálatas 1.8-9).
As Confissões de Fé estabelecem
esse mesmo padrão de confessionalidade, oferecendo interpretação segura sobre
alguns pontos da Revelação, a ponto de servirem como padrões limítrofes para se
identificar e prevenir os erros.
Os Limites de Uma Confissão de Fé
Os Concílios são falhos (John M. Kyle).
As Confissões de Fé são o
produto do estudo humano da Escritura e por isso são passíveis de erros e podem
e devem ser reformados. Sendo a Confissão uma “norma regulada”, devemos
compreender que os seus limites são o surgimento de uma nova interpretação de
alguns dos seus pontos de vista.
Somente a Bíblia é considerada
infalível e ela mesma que oferece aos homens a liberdade de interpretá-la, mas
de sujeitar a interpretação à ação do Espírito Santo por meio da obra
sobrenatural de Deus na direção dos concílios.
Um bom exemplo bíblico disto
foi a disputa doutrinária sobre a circuncisão dos gentios. Os irmãos se
reuniram em Jerusalém para definir o que realmente era correto fazer e o texto bíblico
nos diz que o Espírito conduziu a igreja à uma solução de interpretação que
trouxe unidade e paz para a vida dos crentes em todo lugar.
Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde (Atos 15.28-29).
A autoridade dos Concílios não
está neles propriamente dito, mas na obra de iluminação do Espírito Santo. A
doutrina bíblica é que o Espírito conduz à verdade e a verdade é medida na
confluência do pensamento de homens que se reúnem sob a direção do Espírito
Santo e o consenso é a resposta final do Espírito para a sua igreja.
Evidentemente, os concílios
podem errar e erram. Primeiro, erram porque não são infalíveis e possuem
limitações e impossibilidades. Contudo, a crença de que Deus opera através da
multidão dos conselheiros é bíblica e há de se esperar que Deus o faça por meio
de homens piedosos que busquem servi-lo de todo o coração.
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança (Provérbios 11.14).
Conclusão
A Confissão de Fé não substitui
o uso devocional das Escrituras, mas pode oferecer ferramenta segura para sua
aplicação. Sábio conselho é fazer da Confissão de Fé e dos Catecismos uma base
interpretativa que lhe dê mais propriedade no entendimento da sua fé.
As Confissões podem ser
questionadas e sua interpretação pode ser revista, contudo, é correto também dizer
que não devemos negligencias que Deus usa os concílios reunidos para dirigir a
sua igreja e que as Confissões como fruto do labor do Espírito Santo através da
Igreja devem ser respeitadas e consideradas.
Conhecer bem sua Confissão de
Fé e seus Catecismos é um dever de todo crente que subscreve a fé presbiteriana
no Brasil e uma sábia escolha, que lhe permite crer com mais critério e
segurança.
Vivemos numa época onde heresias crescem absurdamente. Creio que uma das maiores heresias dos nossos tempos seria a forma como o mundo prega o amor, distorcem uma verdade de que nosso Deus e amor para defenderem a homosexualidade e essa interpretação errada das escrituras tem sido propagada principalmente nas escolas dos nossos filhos . Como e importante conhecermos profundamente a palavra de Deus usando como ferramenta a nossa confissão de fé para que possamos combater essas heresias e ensinarmos para nossos filhos o verdadeiro significado do amor de Deus .
ResponderExcluirSem dúvida, Taty! precisamos de uma geração mais ligada nas coisas e que seja capaz de responder com o conteúdo da sua fé, sem negar princípios.
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