Aula 03
A Estrutura da Confissão de Fé de
Westminster
Introdução
Antes de adentrar aspectos do
próprio texto da CFW, precisamos fazer uma caminhada panorâmica sobre a
arquitetura da sua estrutura textual. O estudante da CFW deverá compreender as
grandes avenidas que ela persegue para poder penetrar nas ruas e vielas de seus
detalhes.
Aproveitaremos esta aula para
traçar estes principais caminhos centrais trilhados pelos teólogos de Westminster
e utilizar isto como uma ferramenta para nossa melhor compreensão.
O Ponto de Partida é a Escritura
Propositadamente, o primeiro
capítulo da CFW trata da Escritura, dizendo o que ela é a qual a sua natureza e
origem divina.
Toda a vida humana deve ser
avaliada e desenvolvida tendo a Escritura como fonte central e somente ela.
Este ponto de partida é a pedra angular de toda a Confissão, que chega a
estabelecer e falar de si mesma como derivada e subserviente à Palavra de Deus.
A autoridade da Escritura não é
derivada, isto é o que os teólogos chamavam de “Norma Normans” e isto faz da Escritura
a Regra de Fé e Prática absoluta, cuja autoridade deriva da sua origem divina.
O princípio de que a Escritura é de origem divina é um princípio que dá à Escritura
o elevado status de Palavra de Deus.
Desta forma, a Escritura é a
fonte de todo o conteúdo do CFW, o único tribunal que realmente submete a consciência
do cristão, inclusive o tribunal que julga a própria CFW.
O Conceito de Soberania de Deus
Depois de estabelecer o
principio fundamental da autoridade da Escritura como a Palavra de Deus e o
ponto de partida para todo o conteúdo sobre a vida e o relacionamento com Deus,
a segunda avenida norteadora da CFW é o conceito de soberania de Deus.
Soberania Livre
Um dos aspectos da soberania de
Deus apresentada na CFW é a sua liberdade de agir e pensar. A escolha soberana e
livre de Deus é absolutamente tomada para explicar quem é Deus e como age. O
poder de Deus é, portanto regulado somente pelo seu próprio arbítrio e por nada
fora dele mesmo.
Soberania Absoluta
A decorrência necessária da
primeira característica da soberania livre é a sua absoluta determinação. Desta
forma, os teólogos de Westminster dispuseram conduzir a Igreja a confiar
absolutamente no fato de que Deus realiza a sua vontade de forma soberana, sem
ser impedido por nenhum poder deste mundo ou do outro.
Soberania Amorosa
A soberania livre a absoluta de
Deus age em favor de fazer o bem às suas criaturas, na medida em que ele é o
Criador e Providenciador de todo o bem para todas as suas criaturas.
Essa visão do amor de Deus é
primordialmente proposto em uma visão de como Deus se inclina para ver o que se
passa na terra, com cuidado formidável sobre a vida, principalmente dos homens
que ele criou para sua glória.
O Pecado Humano Como o Problema a Ser Resolvido
A condição do homem caído é
vista na CFW como uma situação de grande importância e o grande problema a ser
vencido na relação do Criador com as criaturas, especialmente o homem.
A Queda é Humana
Embora a CFW não esconda sua
visão de que alguns dos decretos eternos de Deus envolveram a soberania divina
de permitir até mesmo o pecado de suas criaturas morais, ela dispõe-se a deixar
claro que o pecado humano é resultado da estultícia e da corrupção do coração
humano.
A Profundidade da Queda
Ao tratar da Queda, a CFW
trabalha com o fato de que o homem foi totalmente atingido em todas as
faculdades de sua existência total. Em outras palavras, a visão dos teólogos de
Westminster era de que a depravação do homem era total e não parcial como criam
os católicos e alguns outros ramos arminianistas.
A Extensão da Queda
Ainda dentro do conceito de
depravação total, a CFW também trabalha com o fato de que toda a humanidade foi
atingida e isto implica dizer que a melhor maneira de compreender o mundo é
entender que tudo está caído e que todos os homens são, naturalmente maus e
dispostos a se afastar de Deus.
A Obra do Mediador
Uma porção muito importante da
CFW é o capítulo VIII que trata a Pessoa e Obra do Mediador no seu ofício de
salvar o homem caído.
Cristo é definido em termos de
sua natureza humana e divina, especialmente para tratar da sua obra de Mediação
que nasce desta dupla condição, sine qua
non ele não poderia realizar a sua obra.
Uma das principais noções
teológicas da CFW é a percepção de que ela é formalmente baseada na teologia
Nicena, dos primeiros séculos do cristianismo. A dependência do pensamento
cristológico do século IV é bastante evidente, especialmente nos termos
empregados para as definições das duas naturezas de Cristo e sua história como
Verbo Encarnado.
O Sistema de Salvação Calvinista
Outro aspecto estrutural da CFW
que serve como uma das avenidas de abordagem é a sua percepção calvinista da
doutrina da salvação (soteriologia).
Especialmente trilhando o
caminho da Ordo Salutis, segundo o princípio calvinista, a CFW traça a obra de
Deus na salvação e resgate da humanidade como sendo uma prerrogativa primordial
das pessoas divinas, nas suas diversas economias de ação.
Desde a chamada do crente, até
à sua santificação e glorificação é uma obra controlada pela soberania divina,
baseada no seu primordial amor pela obra das suas mãos.
A Vida Religiosa e a Vida Social
A união das duas esferas, tanto
a religiosa como a social é uma das percepções de mundo mais revolucionárias
propostas pela CFW. Ela não somente discute as coisas da Igreja, mas também tem
observações a fazer sobre o que acontece na vida da sociedade.
Embora a CFW defenda
enfaticamente que o trabalho da Igreja seja gerir a vida religiosa, ela não
afasta a necessidade de que os homens da igreja sejam capazes de servir de
fonte para a vida social, baseada nos princípios da Escritura.
Conclusão
O que aprendemos olhando estas
grandes avenidas é que a Confissão de Fé procura fazer o trabalho de percorrer
grandes caminhos para o entendimento da vida humana e o seu relacionamento com
Deus como um todo, ela promoverá algum entendimento mais aprofundado nas
pequenas vielas que derivam das avenidas.
Outro ponto importante que
precisa ser notado na CFW é que ela tem uma percepção de que Deus vem buscar o
ser humano e dispõe o coração humano a encontra-lo. Desta forma, ela causa uma
pista dupla e uma necessidade de que o homem responda ao amor de Deus com
devoção e piedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário, observação, pergunta... colabore com o crescimento de todos!